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Estônia: um exemplo de educação escolar a ser conhecido e reconhecido

3 de agosto de 2018

Ao acreditar no potencial das crianças e adolescentes, investir na formação do professor e na autonomia da escola e construir um currículo atualizado e integrador, a Estônia desponta nos índices que avaliam a qualidade da educação. Confira aqui!

Imaginar um sistema educacional em que alunos oriundos de famílias com baixa renda possuem desempenho tão bom quanto aqueles mais favorecidos parece ser algo muito distante de qualquer realidade. Mas é exatamente isso que o governo da Estônia está promovendo: um sistema de educação igualitário que tem trazido resultados de excelência para o país, para as aprendizagens e para o desenvolvimento de crianças e adolescentes das escolas públicas.

Ao contrário do que poderíamos pensar, a Estônia está longe de ser um dos países mais ricos da Europa e desde que se tornou independente da antiga URSS, em 1991, tem investido na  educação, em especial na estruturação de um currículo básico comum, atualizado de forma permanente.

As escolas públicas possuem autonomia para definir as metodologias de ensino, como realizarão as avaliações e ainda como gerir os recursos que recebem. Os diretores e professores não são concursados. O profissional que almeja o cargo de direção passa por um processo de entrevistas junto ao governo municipal e ainda pela aprovação no conselho de pais e professores. Algo similar ocorre para o cargo de professor que precisa ter ao menos o mestrado completo. Embora a carreira ainda não seja atrativa para os jovens, o país aumentou o salário dos educadores em 80% (a remuneração básica atual é de cerca de R$ 5.600,00) e a meta é chegar a 120%.

A educação é extremamente valorizada por lá. Por exemplo, os pais são dispensados do trabalho para participar de reuniões e atividades nas escolas de seus filhos, a licença maternidade ou paternidade é de 3 anos e as crianças costumam entrar na escola por volta dessa idade, no jardim da infância, onde permanecem até os 7 anos, quando ingressam no 1º ano. A escolaridade básica vai até os 19 anos.

Nas escolas, há uma ampla expectativa em relação ao potencial de todos os alunos e, para ofertar a eles o apoio necessário, há uma rede de profissionais incluindo psicólogos, psicopedagogos e professores particulares. No turno oposto ao da escola regular, as crianças frequentam gratuitamente “escolas de hobby” e se envolvem em atividades focadas em tecnologia, esportes e artes, por exemplo.

Nas salas de educação infantil, há espaços como uma cozinha, camas e banheiros com chuveiros. Em algumas salas, há também espaços de trabalho destinados a explorar bastante atividades em pequenos grupos. Os jovens estonianos são os que apresentam melhor desempenho para trabalhos colaborativos e resolução de problemas.

Há uma valorização da autonomia das crianças, que desde pequenas são vistas trocando de roupa sozinhas, organizando seus espaços de refeição, escolhendo livros para leitura etc. Aos 7 anos, boa parte das crianças caminha ou vai de bicicleta, sem o acompanhamento de adultos, para a escola.

O tempo ao ar livre, especialmente nas épocas de sol (na Estônia a temperatura média em quase todos os meses é de menos 10ºC), é precioso e as crianças passam até duas horas brincando nos espaços abertos. Criatividade e brincadeira são a essência das escolas de educação infantil.

Em todas as escolas, não há qualquer separação entre alunos com menor e maior desempenho. Tanto a rede de apoio ofertada pelas instituições como a colaboração entre as crianças e adolescentes são exploradas. Nas avaliações nacionais e internacionais, quase não existe diferença de desempenho entre as escolas: menos de 8% dos alunos deste país possuem níveis mais baixos de aprendizagem, conforme apontam os exames internacionais. Nas avaliações em Ciências, a Estônia ocupa o 3º lugar, ficando apenas atrás de Cingapura e Japão.

Se comparada à situação brasileira, a realidade educacional na Estônia parece consideravelmente distante. Nossa Base Nacional Comum Curricular acaba de nascer (publicada em 2017) e ainda merece muitos ajustes. Além disso, qualificar a educação pública depende de investimento, de formação e atualização sistemática dos profissionais e, sobretudo, de uma aposta real e crescente do potencial da educação para uma sociedade. Isso tudo sem falar do que deveria ser um princípio: apostar que toda e qualquer criança possui um imenso potencial de aprendizagem. Quem sabe, então, um dia, não seja o Brasil a despontar nos índices de qualidade na educação?

 

Fonte de informações: “Estônia: a melhor educação da Europa”, reportagem publicada pelo O Estado de S.Paulo, em 09 de junho de 2018.

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