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“Lagarta vira Pupa”: compartilhando vivências sobre a maternidade e o autismo

Imagem retirada de www.menssanahealth.be.
26 de outubro de 2016

A experiência da maternagem e de educar uma criança podem ser tarefas bem desafiadoras na vida de um adulto. Quando algum tipo de comprometimento atravessa o curso esperado do desenvolvimento infantil, esse cuidado se torna ainda mais complexo e traz inúmeras dúvidas e inseguranças. É isso que Andréa Werner, mãe de um garoto autista, procura discutir em seu blog.

Andréa Werner é mãe de Theo, um garoto de 8 anos que, com quase 2, foi diagnosticado com autismo. Ela conta que quando recebeu a notícia definitiva partindo de um neuropediatra, após algum tempo investigando com outros profissionais da saúde o que poderia estar acontecendo com o menino, viveu uma espécie de luto. Foi como se tudo o que ela tivesse planejado com seu marido relativo à criação do filho “fosse por água abaixo”. Aquela criança idealizada, que cresceria conforme os planos que tinham para ela, passando por todos os momentos sonhados e esperados de acordo com suas expectativas, acabaram se desconstruindo, o que trouxe uma enxurrada de sentimentos.

No início, Andrea disse que foi difícil aceitar o que estava diante de seus olhos e viveu quase que uma negação desse diagnóstico, focando-se no trabalho e na academia. Passado algum tempo, esse choque veio à tona novamente, junto com novas doses de sofrimento, até que todas aquelas informações fossem elaboradas e pudessem ganhar um novo contorno e espaço dentro de si. Foi aí que ela resolveu se dedicar de corpo e alma a entender de fato o que seria o autismo, de que formas ele se apresenta, quais são as explicações possíveis para tratar dessa questão e como ela poderia ajudar o seu filho, portanto, a se desenvolver de modo saudável, dentro de suas possibilidades.

Nessa jornada, ela se tornou uma grande entendida no assunto e se engajou profundamente com o tema, criando o blog Lagarta Vira Pupa (nome emprestado de uma música do programa Cocoricó sobre a metamorfose da borboleta, que o Theo adora e muito tem a ver com o seu desenvolvimento). Nele, Andréa divide suas experiências com o garoto, faz desabafos, compartilha sua prática ou ideias do que se pode fazer em determinadas situações que geralmente são mais complicadas e difíceis de lidar no dia a dia de uma criança autista, a partir do que ela foi observando e estudando a respeito. Por exemplo: como colocar roupas de frio no Theo sem que isto se torne extremamente desconfortável para ele ou calçar sapatos fechados em seus pés para sair de casa, negociar alimentos com texturas diferentes, mas que são saudáveis e importantes em sua alimentação, como ajudá-lo a esperar datas importantes com quadros ilustrativos, entre outras coisas. Esse material foi se enriquecendo de tal maneira que passou a ajudar inúmeras famílias e cuidadores de jovens autistas pelo mundo todo, servindo como uma rede de apoio que oferece escuta, dá forças, viabiliza essa troca de informações, práticas e aprendizados, impulsionando essas pessoas cada vez mais a pensarem em formas para lidar com as adversidades que esse diagnóstico propõe, na maioria das vezes.

Essa experiência tem mostrado que o conhecimento por meio de estudos é fundamental, pois dá ferramentas para melhor lidar e compreender a realidade e para tomar decisões mais conscientes. Mas esse conhecimento também é produzido no cotidiano de quem está a serviço dessas crianças, errando, acertando e testando jeitos de ajudá-la a se organizar, desenvolver sua autonomia, se comunicar e se sentir entendida em seus desejos e angústias. Andrea ressalta que é preciso muita disposição e tolerância para lidar com as frustrações, que serão muitas, mas que se trata de uma experiência transformadora, como observar mesmo uma lagarta virando pupa, e enfim abrir suas asas em cada conquista.

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