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A realidade das mães solo no Brasil

Imagem retirada de Pixabay
29 de janeiro de 2018

Quem são essas mulheres e como, dentro das novas configurações familiares, elas têm vivido nos últimos anos em nosso país?

É muito comum escutarmos por aí as pessoas utilizando a expressão “mãe solteira” para se referir àquelas mulheres que criam sozinhas os seus filhos. E por que não é adequado utilizarmos essa expressão?

O termo “mãe solo” surgiu como uma forma de dar enfoque ao compromisso assumido pela mãe em se responsabilizar pelos cuidados da criança por ela gerada ou adotada. Mas é importante entendermos a maternidade como algo muito complexo, que se dá para além do estado civil da mulher.

Existem inúmeras possibilidades dentro desse grupo das chamadas “mães solteiras”, tais como:

• Mães que geram seus filhos por inseminação artificial, por exemplo, utilizando um espermatozoide de um homem anônimo para a concepção;

• Aquelas que engravidaram e sabiam, a partir do momento que escolheram ter o bebê, que estariam por conta própria nessa criação;

• Mães que adotaram uma criança e que optaram por se ocupar desse exercício sem a ajuda de um companheiro ou companheira;

• Mães que estavam casadas ou se relacionando com o pai da criança quando engravidaram, mas por conta da separação, viram-se inteiramente a sós para viver a maternidade;

• Aquelas cujo companheiro não assume a criança e se abstém de qualquer contato familiar – ou então abandonou a família após o nascimento da criança.

Se o pai não divide a criação com a mãe igualitariamente, 50 a 50% do tempo, ela ainda será considerada uma mãe solo – mesmo que ele coloque seu nome na certidão do filho(a), pague a pensão que deve e veja a criança algumas vezes durante a semana. Participar ativamente do desenvolvimento infantil vai muito além de prover financeiramente e passar algum tempo com o filho. Cuidar e criar envolve tudo aquilo que gira em torno de sua vida, como a alimentação, saúde, suas primeiras conquistas, estar por dentro do que acontece na escola, quem são seus amigos, saber o que gosta de fazer, dentre tantas outras coisas da vida diária da criança…

Infelizmente ainda existe uma cultura que viabiliza esse comportamento masculino de isenção perante a paternidade, mas o contrário parece impensável para as mulheres, que ainda são alvo de críticas, caso não cumpram suas funções maternas de maneira esperada.

Segundo dados colhidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2005, 10,5 milhões de famílias já eram compostas por mulheres sem cônjuge e com filhos, sendo elas as principais responsáveis pela criação dos mesmos. Nos últimos 10 anos, o número de “mães solo” no Brasil aumentou em mais de um milhão. Ao mesmo tempo, a taxa de fecundidade caiu de 2,38 filhos por mulher para 1,9, em 2010. Esse decréscimo está ligado ao aumento da escolaridade feminina, que teve sua presença intensificada tanto no ensino médio como nas universidades, superando os números masculinos neste mesmo processo.

Ainda que a guarda compartilhada venha contribuindo para a alteração desse cenário, a situação em que vivem as mães brasileiras ainda é muito precária em termos de qualidade de vida. Ter igualdade nas oportunidades de trabalho, lazer e tempo para outras atividades parece ser algo distante, embora movimentos sociais tenham conquistado avanços nesse sentido. É preciso olhar com cuidado para as escolhas de cada família, refletindo sobre seus efeitos e se abrindo para novas soluções baseadas na proteção dos direitos e deveres de todos enquanto cidadãos. Vamos refletir sobre isso?

 

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