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Perguntar Educa: o que as crianças aprendem quando fazem perguntas?

30 de janeiro de 2017
Este artigo faz parte da série:

Série Educa

Confira em mais um post dessa série como aprendem os pequenos quando começam a se questionar sobre o universo ao seu redor.

O mundo, sendo um lugar vasto e povoado por tantas pessoas, lugares, ideias, culturas e coisas das mais diversas possíveis, é um prato cheio para os nossos olhos e curiosidades. Se nós, adultos, vivemos em busca de respostas para indagações que se constroem diariamente nessa interação com o que nos cerca, imagine só como são instigados os pequenos, que recém foram apresentados a toda essa imensidão de possibilidades?!

Uma das maneiras mais eficientes de conhecer algo que nos desperta o interesse é perguntando sobre o assunto a pessoas que julgamos ter mais propriedade e conhecimento para falar sobre ele. Os adultos de referência frequentemente se deparam com perguntas, por vezes inusitadas e até complexas de serem respondidas. Nesse momento podem surgir muitas dúvidas sobre o que responder e sobre a forma como fazê-lo, de modo a atender a demanda imediata da criança.

Ser honesto, conversar sobre os limites e até responder que não sabe é extremamente valioso e ensina meninos e meninas que ninguém tem respostas prontas para tudo, mas que podemos fazer desse espaço vazio uma ponte para o desejo de buscar novos conhecimentos. Fazer perguntas pressupõe não conhecermos todas as respostas, e aí o outro, seja ele quem for, se configura como uma peça-chave no compartilhamento dos saberes, mostrando o valor das relações e do quanto elas podem ser ricas em trocas.

Importa apenas levar em conta que nem sempre todas as perguntas exigem longas e complexas respostas; por vezes, apenas uma afirmação ou uma negação, sem detalhadas explicações, satisfazem o desejo da criança naquele momento.

Vale lembrar que as crianças perguntam não somente para explorar uma curiosidade a respeito de algo que ainda não lhes é familiar, mas também para elaborar conflitos emocionais, precisando muitas vezes repetir incessantemente alguns questionamentos, até que encontrem sentido dentro do seu campo afetivo.

Existe ainda uma função bastante interessante que surge quando os pequenos descobrem que as interrogações produzem efeitos sobre os adultos: o poder de sentir-se no controle da linguagem. Manter uma conversa por meio de uma sequência de perguntas, interromper um diálogo do qual não estão fazendo parte com alguma indagação ou até como uma forma de sedução para atrair a atenção para si mesmas – “Mamãe, posso te dar um beijo?”, “Olha, tia, eu comi tudinho, não é?”, são alguns exemplos disso.

As perguntas carregam fantasias, hipóteses, medos, intenções, e é muito valioso que os adultos tentem entender de que lugar elas surgem para melhor lidarem com elas. Desta forma, cuida-se para nem deixarem de responder, nem anteciparem respostas, permitindo que a criança continue seu processo investigativo. Se estiver satisfeita com o que lhe foi dado, irá parar com tais perguntas, se não, prosseguirá até que se aprofunde nessa busca. Perguntar nos permite aprender com o diferente e nos lança, através do desconhecido, para o novo e o que nos move.

E você? O que pensa sobre isso?

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