29 de setembro de 2014
Um tema tão complexo quanto a política parece estar a anos-luz de distância do interesse e da percepção infantil. Isso não só é um equívoco, como é fonte de frustração para as crianças, que muitas vezes gostariam de emitir suas opiniões, mas acreditam que não faria diferença.
A Folha de São Paulo publicou recentemente dados de um estudo a respeito da percepção que as crianças têm da política. O estudo, que entrevistou 120 crianças do Rio de Janeiro e de São Paulo entre as idades de 7 e 12 anos, aponta para uma compreensão política bastante apurada por parte das crianças, embora metade das vezes as informações políticas cheguem a elas de maneira indireta.
As crianças demonstraram ter um bom conhecimento sobre aspectos importantes da política nacional:
De acordo com a pesquisa, as escolas não tratam de política com as crianças, deixando essa responsabilidade para a família. Os pais, por sua vez, também não conversam sobre o assunto com seus filhos – metade das crianças entrevistadas disse ouvir sobre política nas conversas dos adultos entre si, ou em comentários informais.
Cerca de 60% das crianças expressaram vontade de emitir suas opiniões políticas, mas a mesma quantidade acha que não seria capaz de influenciar o voto dos pais.
As crianças, como confirma o estudo, estão sempre atentas às informações que as cercam. Mesmo reclamando que os pais e a escola não falam com elas de política, ainda assim apresentam grande conhecimento sobre o assunto.
Claro que se trata de um estudo reduzido, com crianças de cidades grandes da região sudeste, uma pequena fração do nosso vasto e diverso país. Mas representa também um passo importante no sentido de dar voz às crianças, tratando-as como as cidadãs que são.