Para além do aspecto estético, existem inúmeras vantagens nesse movimento de organização. Nesse novo post da série apresentaremos algumas questões que giram em torno dessa prática já na infância.
Existem valores fundamentais na bagunça: a criança se joga nos ambientes, explora objetos, vive situações que transformam a ordem das coisas… Mas passada a experimentação, é preciso realocar os elementos que ficaram suspensos, e esse movimento também é interno. Quando a criança é convidada a organizar os lugares que foram utilizados por ela, precisará se reestruturar para dar um novo destino às coisas.
Isso a ajuda a compreender que existem momentos específicos nos quais pode desacomodar a realidade ao seu redor, mas que há a necessidade de dispô-la dentro de um novo arranjo depois, integrando essa dinâmica para dentro de si.
O adulto poderá auxiliá-la nesse processo norteando suas ações com limites que dirão até onde é liberado mexer e tirar as coisas do lugar, em que ambientes isso é permitido, qual é a hora de guardar e arrumar o que ela bagunçou etc. Portanto, é extremamente válido que se desenvolva junto aos pequenos um senso de cuidado, frisando a importância de se preocupar com o seu entorno, zelando para que ele esteja sempre limpo e ajeitado para se encontrar com ele novamente. Quando se deixa um jogo largado pelo chão, por exemplo, outras pessoas poderão pisar nele, quebrar ou perder suas peças, o que acaba inviabilizando que seja usado mais uma vez. Essa conversa tem de ser construída, e não imposta, pois a criança precisa compreender e enxergar um sentido na atividade de organização.
Vale lembrar que cada família, escola, instituição, se organiza de um jeito, e não existe uma regra comum que diga como isso deva ser feito. Também é fato que não se pode exigir que uma criança pequena dê conta da mesma arrumação que um adolescente, ou adulto, então talvez seja mais eficiente pensar no que ela consegue fazer sozinha, lhe atribuindo pequenas tarefas, como esticar o lençol da cama, guardar seus brinquedos numa caixa, gaveta ou prateleira destinada a isso, arrumar seus materiais escolares, tirar seu prato da mesa após as refeições, entre outras. Isso ainda lhe fará sentir útil e capacitada para realizar essas tarefas e contribuir com a organização dos ambientes.
Apostar nesse hábito de acomodar aquilo que por nós foi posto em uso ensina à criança que somos responsáveis não só pela nossa casa, mas também pela escola na qual estudamos, pelos ambientes coletivos que visitamos, como parques, praias, museus, bibliotecas, enfim, por todos os lugares pelos quais circulamos e que estão sempre lá ao nosso dispor.
Como iremos, então, preservar e colaborar com esses espaços? No nosso aplicativo Apprendendo, nos ambientes “Cozinha”, “Banheiro” e “Quarto”, você encontra boas dicas de como as crianças podem atuar na organização desses espaços.