Bulliyng: como os pais podem evitar que seus filhos se tornem futuros agressores? | Labedu
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Bulliyng: como os pais podem evitar que seus filhos se tornem futuros agressores?

Imagem retirada de Catraquinha
Em parceria com Catraquinhaicone-link-externo

O Catraquinha é fruto de uma parceria entre o Instituto Alana e o Catraca Livre. O site reúne informações interessantes para pais, educadores e familiares – de agenda cultural a projetos transformadores para a infância – com o intuito de empoderá-los para que interfiram positivamente no desenvolvimento das crianças, deixando-as exercer em sua plena potência a criatividade e a autonomia.

16 de novembro de 2017

Jornalista e ativista Vanessa Bencz comenta, em entrevista ao Catraquinha, algumas atitudes que podem ajudar os pais a discutir o tema do bullying com as crianças e evitar que se tornem as agressoras.

Nem sempre é simples detectar onde ele começa, o fato é que o bullying é um ciclo complexo que envolve o contexto social e familiar do praticante, ressoa no ambiente escolar e de convívio e pode causar danos irreparáveis.

Quando se reflete ou se fala sobre o tema, é comum que se considere as vítimas. Porém, outro aspecto do assunto também precisa vir à tona: como impedir que uma criança se torne o agressor? Como mostrar aos pequenos desde a primeira infância que rir do outro, acentuar uma característica indesejada ou maldizer um traço da personalidade alheia é estar do lado do agressor? De onde os chamados bullies apreenderam a violência que praticam? Que referências de empatia, respeito e tolerância essa criança recebe em casa e em seu círculo de convívio?

Considerando que é na infância que o indivíduo constrói e solidifica suas primeiras referências de respeito, tolerância e alteridade, esse trabalho de sensibilização com os pequenos é ainda mais importante, e é necessário ter aberto sempre um canal de diálogo franco sobre as questões que os afligem, principalmente os assuntos considerados tabus e sobre os quais costuma ser mais difícil falar, como sexualidade, por exemplo.

Militante da questão, a jornalista e ativista Vanessa Bencz  – autora do livro “A Menina Distraída”, que conta a história de uma menina vítima de abuso psicológico que é salva por uma super-heroína – alerta para a importância de se considerar o lado do agressor. Comentando a recente tragédia ocorrida em Goiás, em que um adolescente de 12 anos protagonizou um tiroteio na escola, matando duas pessoas e ferindo outras, Vanessa destaca a importância de refletirmos sobre o que levou o garoto vítima de bullying a se tornar este agressor.
“Pode ter certeza que psicólogo nenhum vai conseguir juntar os pedacinhos desse guri. Cadeia nenhuma vai reabilitar esse menino para a convivência harmônica. Uma mente sã jamais recorreria a uma arma. (…) A gente precisa falar sobre isso. Mas, antes, vamos ajustar nosso foco. Parem de falar em armas. Vamos falar das mãos que procuram essas armas”, defende.

A pedido do site Catraquinha, Vanessa preparou uma pequena lista com sugestões de abordagem do assunto em casa, para colocar o bullying em pauta em um momento anterior à prática, com o intuito de evitar que as crianças naturalizem a agressão – verbal, física ou emocional – e priorizem o respeito ao outro em todas as suas ações, palavras e comportamentos.

– Ser forte não significa ofender e nem bater nas pessoas
“Forte é aquele que protege quem está ao redor. Sabe como se protege alguém? Sendo amigo dessa pessoa e aceitando as diferenças.”

– Só chame seu colega por um apelido se ele te permitir chamá-lo assim
“Afinal, cada um de nós tem um nome e a gente quer ser chamado por este nome, e não por um apelido chato.”

– Ainda bem que todo mundo é diferente entre si
“Diferente não quer dizer que seja ruim. Imagina que chato se todo mundo fosse igual?”

– Fazer um elogio ao seu colega pode mudar o dia dele, sabia?
“Elogie naturalmente, você vai ver como isso melhora o dia dos outros.”

– Pense antes de rir do apelido que deram ao seu colega.
“Ele pode se sentir ainda mais constrangido! Quem ri de piadas ofensivas está do lado do agressor.

– Seja amigo daquele colega que está excluído na turma.
“Coloque-se no lugar dele. É muito chato ficar sem amigos! Que tal puxar um assunto e fazer companhia?”

– Se você for xingado ou receber um apelido ofensivo, não xingue de volta e nem coloque outro apelido ruim nesta pessoa.
“O ideal é contar para seu professor ou professora. Eles saberão agir nesta situação.”

– Sabia que os professores podem ser nossos amigos também?
“Você levará algumas dessas amizades para o resto da sua vida.”

– Você é muito amado e não precisa fazer de conta que é outra pessoa só para ser aceito.
As pessoas que realmente te amam são aquelas que te enxergam como você é.

– Você tem um futuro inteiro pela frente e vai gostar de lembrar que, na escola, era admirado por ser gentil, educado e carinhoso com todos.
Há qualidades que demandam sensibilidade e maturidade para serem valorizadas.

Essas sugestões não são uma receita, mas podem contribuir para educarmos as crianças para a convivência respeitosa num mundo de diversidade. Lembre-se de que é fundamental sempre conversar com as crianças, observá-las no convívio com outros e, antes de tudo, ser um modelo para elas!

Texto adaptado de: Catraquinha

 

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