22 de junho de 2015
Já se sabe que guerras e conflitos trazem imenso sofrimento às crianças: a perda do lar, de familiares, a necessidade de viver em campos de refugiados, a má alimentação, a violência a que muitas são submetidas… Que infância podem ter essas crianças? O que podem aprender?
Uma imagem divulgada na internet, e que teve ampla circulação em inúmeras redes sociais, mostra uma criança síria “se rendendo” ao confundir a câmera do fotógrafo com uma arma.
Hudea é seu nome, e tinha 4 anos quando foi flagrada no campo de refugiados de Atmeh, na Síria, em dezembro de 2014. O fotógrafo turco Osman Sağırlı relata que o uso de uma lente de telefoto fez com que a menina julgasse que sua câmera era uma arma: “Depois que eu tirei eu olhei (para a foto) e percebi que ela (a criança) estava assustada, porque ela mordeu os lábios e levantou as mãos. Normalmente, crianças correm, escondem os rostos ou sorriem quando veem uma câmera”.
O que está por trás dessa ação? É possível que ela, tão pequena, ainda não compreenda muitas coisas com as quais interage, mas já sabe um tanto sobre a guerra: render-se é o que deve ser feito. Conhece até o gesto que mais explicita isso.
Assim como ela, outras tantas crianças vivem em regiões devastadas por conflitos e guerras. Muitas delas ainda sofrem violências mais extremas, quando recrutadas como soldados de combate, guarda-costas ou escravas sexuais.
Crianças resgatadas de um grupo que servia a um “senhor da guerra”, na República Democrática do Congo. Foto de Antony Njuguna, extraída de Público P.
As crianças aprendem de tudo um pouco, a todo instante e em qualquer situação. E como já dissemos, aqui e aqui, os sentimentos, por exemplo, também são aprendidos. E quais essas crianças aprendem? O medo, a tristeza, o sofrimento, a raiva e a submissão podem ser alguns deles, certamente. Podem ser até os primeiros sentimentos que explicitam.
E como será que vivem esse momento tão crucial de seu desenvolvimento – a infância – ao ter que lidar com situações tão adversas, tão árduas do ponto de vista físico, psicológico e emocional? Que marcas essa infância deixará? Que adultos poderão ser? O que poderão ensinar às suas crianças? Como fazer para que esse círculo não se vicie?