27 de julho de 2015
A empresa Mattel pretende lançar uma nova Barbie que interage oralmente com a criança. Como isso está sendo visto?
O protótipo da Barbie que conversa com a criança já foi apresentado nos Estados Unidos. Por meio de um software, falas da criança – e até falas de outras pessoas da casa – serão captadas pela boneca e enviadas a um servidor da empresa Toy Talk. A partir da análise desse material, novos dados serão enviados à boneca que poderá conversar, respondendo as perguntas da criança e trazendo novas falas. A boneca também armazena outras informações e as incorpora às conversas, tais como gostos, detalhes, lugares e nomes citados pela criança.
Mas, será que essa interação é interessante? Em uma coluna publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, a psicóloga e diretora da Campaign for a Commercial-Free Childhood (Campanha por uma infância livre de comerciais), Susan Linn, revela uma série de preocupações com esse novo brinquedo. Selecionamos, aqui, algumas delas:
– nas conversas com seus brinquedos, a criança pode revelar medos, anseios, segredos e até experiências mais perturbadoras, como encenar situações mais violentas. Quem costuma ouvir essas conversas – professores, membros da família, cuidadores ou especialistas, como o terapeuta – conhece a criança, preocupa-se com seu bem-estar e atua de forma a favorecer seu desenvolvimento. E como isso será feito por uma corporação que visa, sobretudo, fins lucrativos?
– ainda não se divulgou uma política de privacidade, ou seja, as famílias que compram uma boneca “Hello Barbie”, como será chamada, estão dando acesso à empresa às atividades íntimas da criança e às conversas privadas entre os diferentes membros e não se sabe o que pode ser feito com esse material. Como esses dados poderão ser interpretados – ou mal interpretados – pela empresa?
– em casos em que a criança confia à boneca situações de abuso ou mesmo explicita através de brincadeiras que é maltratada, o que fará a empresa? Professores e cuidadores que testemunham situações dessa ordem são obrigados a levar as suspeitas aos órgãos de proteção à infância. E a Mattel ou a Toy Talk farão o mesmo?
E vale pensarmos do ponto de vista do brincar. Será que a interação da criança com os brinquedos requer uma boneca como essa? É tão comum que as próprias crianças construam as conversas com seus brinquedos, fazendo as perguntas e as respondendo também. Não seria essa uma forma muito mais saudável e mais favorável de brincar e de aprender?
Famílias e especialistas, nos Estados Unidos, já estão se posicionando de forma contrária à boneca e solicitando aos órgãos devidos que gerem uma política que regule essas novas tecnologias presentes em brinquedos e que as empresas interrompam suas produções até que essas normas existam. A boneca “Hello Barbie” tem sua previsão de lançamento por lá no Natal deste ano.
E, você, o que pensa sobre brinquedos com esse tipo de tecnologia? Envie para nós suas opiniões e comentários!