6 de novembro de 2013
Que oportunidades musicais podem ter crianças e adolescentes que nasceram em uma favela cuja principal fonte de material é um lixão?
Já ouviu falar em Cateura? Provavelmente não. Cateura é uma favela situada na periferia de Assunção, no Paraguai. Além de ser uma favela, ela cresceu em torno de um aterro sanitário existente na região e cerca de 25 mil famílias sobrevivem lá como catadoras de lixo. A situação é de extrema pobreza. Que oportunidades esperamos que as pessoas que ali vivem tenham?
Surpreendentemente, em 2008, ali nasceu uma orquestra.
Tudo começou a partir da ideia de Flavio Chavez, professor de música, de possibilitar às crianças de lá um caminho diferente do que se via normalmente, de drogas e criminalidade. O problema? Ele possuía apenas alguns poucos instrumentos que não eram suficientes para atender a quantidade de crianças interessadas em aprender a tocar.
Como conseguir dinheiro para comprar os instrumentos em um ambiente onde um violino custa mais do que as casas que existem no próprio local?
A reviravolta aconteceu quando um artesão local, Nicolas Gomez, encontrou uma capa de violino no meio do lixo e decidiu fabricar um novo instrumento feito a partir de peças sucateadas para rechear essa capa. A partir daí, vemos violinos e violoncelos feitos de latas de azeite, pedaços de madeira e colheres, instrumentos de sopro feitos a partir de calhas, instrumentos de cordas feito a partir de latas e muito mais.
A Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura é composta por cerca de 20 crianças e adolescentes e toca, entre outros, Mozart, Beethoven, Bach, Vivaldi e até mesmo Beatles.
Em um cenário no qual as famílias não tinham muitas perspectivas para seus filhos, a expectativa foi modificada. A partir dessa iniciativa, esses jovens músicos ganharam novos horizontes. A repercussão da Orquestra foi tanta que eles já viajaram para diversas partes do mundo fazendo apresentações.
O que fica claro é que, mesmo em situações adversas, há espaço para a criatividade e que todos são capazes de aprender e se reinventar, basta ter uma chance.
Vale muito a pena assistir ao vídeo, que é o trailer de um documentário que está sendo produzido sobre a Orquestra, chamado Landfill Harmonic: