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Boas ideias para dar aos meninos uma educação feminista

3 de janeiro de 2018

Veja aqui algumas dicas que podem contribuir para a educação dos garotos em direção a uma sociedade menos desigual do ponto de vista das relações de gênero.

A correspondente do The New York Times, Claire Cain Miller, e a ilustradora Agnes Lee juntaram talentos para escrever a matéria “How To Raise a Feminist Son” (em livre tradução: “Como criar um filho feminista”). As dicas foram publicadas no “The Upshot”, um site especial do Times com análises políticas e econômicas.

Apresentamos a seguir, de forma adaptada, algumas das propostas das autoras para refletirmos juntos sobre como educar crianças para a igualdade de direitos e respeito à diversidade. Afinal, conforme indicam Claire e Agnes, o papel social das mulheres só poderá se tornar mais amplo e variado se o papel dos homens também for menos estereotipado e restrito.

1. Deixe os meninos chorarem

Citando Tony Porter, co-fundador do grupo “A Call to Men”, que trata sobre educação e advocacy, Claire explica que com cerca de 5 anos os meninos começam a compreender a mensagem social de que raiva é um sentimento aceitável, ao contrário daqueles ligados à vulnerabilidade, medo ou sofrimento. Deixar os meninos chorarem é uma forma de reconhecer que eles são seres humanos dotados de emoções e que isso não é uma fraqueza.

2. Dê o exemplo

É importante que os meninos possam conviver com homens e mulheres que se responsabilizam de forma equilibrada pela educação dos filhos, pelos serviços e afazeres domésticos e por suas vidas profissionais. Os adultos são modelos importantes e a forma como interagem entre si e com a criança são marcas fundamentais para a formação da identidade.

3. Deixe que ele seja autêntico e experimente

Conforme indicamos frequentemente no Toda Criança Pode Aprender (como aqui), não há interesses, brincadeiras e formas de ser restritas a meninos ou meninas. Deixar que os meninos exerçam diversas atividades e escolham diferentes brinquedos e brincadeiras é um meio de permitir que eles desenvolvam ao máximo seus potenciais e encontrem suas formas particulares de ser e de pensar. Também é papel do adulto oferecer uma ampla gama de possibilidades às crianças, mostrando que elas não precisam fazer sempre as mesmas coisas. Um menino pode gostar de jogar futebol e também de brincar com bonecas. Uma menina pode gostar de cozinhar e de brincar de luta. Concordamos com Claire quando ela afirma que quando certos estereótipos e preconceitos se revelam é importante aponta-los, dizendo, por exemplo: “que pena que as propagandas só mostram meninas brincando de casinha, porque sei que meninos também gostam de brincar com isso!”.

4. Ensine-o a cuidar de si mesmo

Meninas são frequentemente incentivadas a cuidar de si, do próprio corpo, de sua alimentação, de sua aparência e higiene. No discurso social, principalmente no ambiente escolar, elas são ditas “mais organizadas, mais limpas e mais responsáveis do que os meninos”. Porém, isso não é algo inato. Diariamente, oferecemos às meninas mais oportunidades para aprenderem a cuidar de si e cobramos delas que o façam. Mas não são só as garotas que precisam dar conta disso. É muito importante que os meninos também saibam tomar conta do próprio corpo, das próprias emoções, de seus pertences e de suas responsabilidades.

5. Ensine-o a cuidar de outras pessoas e divida o trabalho de casa com eles

As mulheres ainda são reconhecidas socialmente como “cuidadoras”, inclusive desempenhando profissões que requerem essa habilidade com mais frequência do que os homens. Além disso, afazeres domésticos como cozinhar, arrumar e limpar a casa, lavar as roupas etc. ainda recaem de forma muito mais intensa sobre as meninas. É fundamental que os meninos aprendam a se preocupar com outras pessoas e dividir as tarefas. Isso é importante não só para tornarem-se menos egoístas e mais conscientes socialmente, mas também para desenvolverem capacidades necessárias à própria vida pessoal e profissional.

6. Favoreça ambientes em que meninos e meninas convivam igualitariamente

Muitas vezes naturalizamos divisões de grupos por gênero na escola ou consideramos que é normal que garotos só sejam amigos de outros garotos e garotas só sejam amigas de outras garotas. Romper com esses estereótipos incentivando espaços de convivência e socialização mistos é algo muito importante. Isso pode ser feito de forma muito simples, por exemplo, convidando meninas e meninos para passar uma tarde brincando e fazendo trabalhos escolares ou outras atividades em equipe.

7. Ensine que “não é não”

É importante ensinar às crianças desde cedo que “não é não” e que quando o outro coloca seu limite ele precisa ser respeitado. Como em nossa sociedade muitas vezes o “não” de meninas e mulheres ainda é ignorado, é preciso reforçar esse tema com os meninos. É fundamental, inclusive, ensinar que o corpo do outro só deve ser tocado quando há consentimento claro.

8. Aponte situações de intolerância e preconceito

Quando estiver com a criança e observar uma situação de intolerância é importante falar sobre o ocorrido, comentando suas impressões sobre o assunto e evidenciando que isso não é algo aceitável. Escute também o que ela tem a dizer.

9. Nunca use a palavra “menina” como insulto

Algumas pessoas utilizam o termo “menina” para evidenciar uma fragilidade ou inabilidade. Quem nunca ouviu a infeliz expressão “não jogue como uma mulherzinha” ou “não haja como uma menininha”? Muitas vezes, em oposição, “homem” é modelo de ação: “seja homem!”. Não reproduzir essas falas desrespeitosas e preconceituosas é algo importante para avançarmos em direção a uma sociedade mais equilibrada do ponto de vista de relações de gênero.

10. Leia bastante com os meninos

Você provavelmente já ouviu falar que meninos costumam ser melhores em matemática e ciências e meninas em idiomas e leitura, certo? Isso acontece, pois conversa-se menos com os meninos. As questões de subjetividade e sensibilidade são menos trabalhadas e se valoriza que desempenhem atividades objetivas. Ler bastante com os meninos e conversar com eles sobre as histórias – inclusive sobre possíveis estereótipos de gênero presentes em algumas narrativas – é uma forma de transformar esses rótulos!

11. Celebre formas múltiplas e interessantes de exercer a masculinidade

Permita que os meninos encontrem sua forma autêntica de ser e celebre com eles suas potencialidades. Mostre a eles suas qualidades e seus desafios. Eduque-os para serem generosos, respeitosos, confiantes e livres para lutarem por seus sonhos!

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