21 de março de 2018
Atividade enviada como lição de casa e publicada na página Quebrando o Tabu nos faz refletir sobre esta questão.
A brincadeira é algo crucial ao longo de toda a infância e, como já comentamos várias vezes aqui no Toda Criança Pode Aprender (como aqui, aqui e aqui), traz impactos importantes para o desenvolvimento da criança.
Porém, a brincadeira também pode servir como um dos primeiros disparadores de desigualdades entre homens e mulheres, especialmente quando no âmbito familiar ou escolar é ensinado que há aquelas que são exclusivas para as meninas e outras para os meninos. É comum instigar essa diferença desde que as crianças são bem pequenas. O que estamos dizendo às crianças quando, por exemplo, meninos são presenteados com bolas e meninas com bonecas ou objetos que remetem às atividades domésticas? Que meninos praticam esportes e são aventureiros e meninas praticam tarefas diárias do cuidado com a casa?
Essa questão tem sido foco de discussões travadas por especialistas, pela mídia, nos setores educacionais e no dia a dia de famílias. Muito se tem falado sobre a importância de quebrar esse ciclo que inicia as desigualdades entre gêneros antes mesmo das crianças completarem 5 ou 6 anos de idade, mas parece que o caminho ainda será longo.
A página do Facebook “Quebrando o Tabu” publicou recentemente a imagem (recebida via inbox) de uma atividade enviada pela professora como tarefa de casa para Arthur, um menino de 6 anos.
A atividade proposta poderia ser feita a partir de distintas perspectivas, como listar uma brincadeira feita com bolas ou com cordas ou na qual as crianças tenham que correr, listar brincadeiras preferidas ou mais divertidas etc. O foco escolhido, entretanto, remete justamente a uma ideia equivocada de que existem brincadeira “só de meninos” ou “só de meninas”. Felizmente, a resposta do garoto não poderia ter sido melhor: “acho que não tem”.
Brincadeiras não tem gênero. Meninos e meninas, desde cedo, devem poder brincar daquilo que mais lhes agradar e ainda devem ser apresentados a inúmeras brincadeiras novas, a fim ampliar seus repertórios culturais, experimentar papéis, situações, ações e movimentos dos mais diversos. E essa é uma das funções primordiais da escola, algo que deve ser assegurado sem que outros aspectos fundamentais da educação das crianças, como a igualdade entre os gêneros, sejam perdidos de vista. É assim que brincar de casinha, de correr, de pular corda, de jogar bola, de ser cientista, professor ou bombeiro podem ser vivências experimentadas por todas as crianças, meninos ou meninas.
Esperamos que a resposta de Arthur provoque importantes reflexões em sua escola!