2 de maio de 2018
Saiba mais aqui sobre a importância de realizar um trabalho psicoterapêutico quando a criança indica estar precisando.
Afinal, para que fazer uma psicoterapia na infância? E como saber quando ela é necessária? De que forma esse trabalho acontece? Quais critérios a considerar na hora de escolher um profissional para realizá-lo? Essas não são questões fáceis e nem com resposta única. Porém, te convidamos a fazer uma reflexão para apresentar alguns aspectos importantes de como uma intervenção psicoterapêutica pode contribuir com o desenvolvimento das crianças.
Primeiramente, é necessário desmistificar a ideia de que qualquer criança que passou por situações consideradas “difíceis” pelos adultos precisa de terapia. É claro que vivências de agressão, perdas, conflitos, abusos e condições de vulnerabilidade podem desencadear dificuldades de avançar, porém não necessariamente isso acontecerá. O contrário também pode ocorrer: crianças com as quais tudo parece ir bem podem vir a precisar de atendimento. O que indicará a necessidade de um trabalho desse tipo é observar os sinais dados pela própria criança ao longo de seu desenvolvimento.
Mudanças muito marcantes de humor e de atitude, comportamentos exageradamente repetitivos, atos muito agressivos e/ou sexualizados frequentes e sem razão aparente, complicações ao comer, defecar, urinar, brincar, dormir ou se comunicar, dificuldades cognitivas importantes e adoecimentos crônicos são alguns dos sinais relevantes para se pensar na possibilidade de um trabalho psicoterapêutico. É claro que o desenvolvimento infantil não é linear e envolve passar por altos e baixos, sem que isso indique de forma conclusiva a demanda por um atendimento profissional. Entretanto, quando a questão aparece com muita intensidade, é necessário avaliar se a criança não está precisando de ajuda. O tipo de auxílio a buscar também precisa ser analisado, lembrando que o uso de medicações pode ser prejudicial e deve ser ponderado de caso a caso.
O trabalho psicoterapêutico nada mais é do que um espaço de confiança, onde a criança pode trazer, na sua própria linguagem, questões com as quais ainda não consegue lidar a partir dos recursos que possui naquele momento. Na forma de brincadeira, desenho, modelagem, música, palavra ou o que ela encontrar como ferramenta, poderá expressar aquilo que pensa e sente. O fato de o psicoterapeuta e/ou psicólogo ser um adulto confiável que não tem expectativas específicas sobre ela é condição para o processo.
A partir das intervenções e da escuta do especialista, a criança terá oportunidade de elaborar melhor aspectos com os quais não estava lidando tão bem, desenvolvendo novos repertórios para lidar com as situações. O psico terapeuta também pode dialogar com a família e/ou com a escola acerca da posição que a criança costuma ocupar nas relações, ajudando a refletir sobre como ela pode ser ajudada nesses outros ambientes.
Escolher um profissional não é tarefa fácil. O mais importante é que a família se sinta segura com aquela pessoa e tenha credibilidade em seu trabalho. É interessante pedir indicações de quem entende do assunto, da escola ou de instituições especializadas no tema. Também é possível perguntar sobre a formação do psicoterapeuta e suas referências.
Embora o contato da família e da escola com o especialista seja relevante, é fundamental que aquele espaço possa ser da criança e que sejam garantidas a intimidade e a confiança necessárias. Caso contrário, o processo será pouco aproveitado. O psicoterapeuta pode ajudar nesse sentido, indicando limites importantes a serem respeitados ao longo do trabalho.