3 de maio de 2017
Como será que as crianças percebem a convivência com um colega autista na escola? O que isso revela sobre a forma como compreendem as diferenças?
Conviver com as diferenças não é algo fácil para adultos. Muitas vezes, não sabemos reagir à diversidade, sentindo desconforto, frustração, raiva e confusão ao lidar com alguém que não pensa, age ou vive da forma como estamos acostumados. Assim, pode tornar-se difícil e incômodo o momento de apresentar às crianças as muitas possibilidades de ser que existem mundo afora. Mas como será que os pequenos percebem a diversidade?
Em vídeo publicado em 2015 pelo canal do portal Vírgula no YouTube, algumas crianças contam como é conviver com o colega Tom, diagnosticado com autismo. A partir do que dizem e de suas reações, é possível se aproximar um pouco da forma como compreendem as diferenças.
Algumas falas chamam a atenção por evidenciarem um olhar para o amigo que vai além de seu diagnóstico. São capazes de percebê-lo como uma pessoa que, assim como todo mundo, tem suas características específicas. Um exemplo disso aparece quando ao responder à pergunta “você acha que o Tom é diferente de você?” um dos garotos entrevistados diz: “Ele tem olho castanho e eu tenho olho azul”. Isso mostra que está atento a um atributo do colega que nada tem a ver com o autismo e que faz parte da forma como compreende quem é o Tom.
Aparecem também percepções acerca das necessidades particulares que o colega tem: o acompanhamento mais próximo de um adulto, descrito como “uma pessoa que ajuda ele e as outras pessoas já conseguem ficar sozinhas”, o uso de “uma outra rotina” e o auxílio para lidar com as tarefas da escola.
Além disso, são notadas algumas atividades e situações em que Tom não participa e as crianças comentam: “ele não sabe pular amarelinha”, “eu acho que ele não fala muito”. Por outro lado, notam momentos em que o amigo está presente brincando junto com as outras crianças no pega-pega, na leitura de histórias, na hora da massinha.
Muitas vezes não é simples compreender que um colega tenha uma rotina diferente ou receba mais ajuda do que as outras crianças. Por isso, é importante que os adultos estejam por perto para responder às perguntas e inquietações dos pequenos. A diversidade faz parte de todas as relações. Afinal, ninguém é igual a ninguém. Todos temos necessidades específicas, facilidades e limitações. Por que não apresentar às crianças as diferenças entre as pessoas a partir dessa perspectiva?