8 de janeiro de 2016
Como as crianças avançam em suas representações gráficas? Leia aqui e saiba mais sobre o desenho infantil.
Como já destacamos aqui, o desenho da criança pode ser analisado sem que se faça comparações diretas com o desenho adulto, e seu desenvolvimento ocorre a partir de diferentes fases, iniciando-se com o que se pode chamar de “rabiscos”. Neste post, apresentamos características de fases que sucedem esse primeiro momento, de acordo com a professora de filosofia da arte e estética na Universidade de Sorbonne, Florence Mèredieu.
Bonecos
O boneco, semelhante à figura humana, é a representação de onde outras imagens irão partir. Ela se torna possível por meio das conquistas motoras da fase do rabisco, já apresentada aqui, que permitem que a criança seja capaz de fazer círculos que se encostam (a cabeça e o corpo) e de criar linhas (os membros). Normalmente a criança colocará no desenho aquilo que entende sobre seu esquema corporal e tenderá a representar um pouco de si em todos os objetos que desenhar. Assim, casas, árvores e barcos possuirão características humanas ligadas às particularidades daquela criança. As figuras irão ganhando complexidade à medida que é possível combinar formas cuja execução já se domina.
Evolução da figura do boneco.
Escrita e símbolos
Conforme a linguagem da criança vai evoluindo e ela vai se aproximando da escrita, seus desenhos começam a mudar. Escrever é uma atividade ainda pouco conhecida, secreta e misteriosa que diz respeito ao valorizado mundo adulto. Assim, a criança tenta imitá-la em seus desenhos e estes começam a ter a intenção de comunicar alguma coisa. Quando a criança aprende a escrever, desenho e escrita misturam-se.
Desenho infantil com imitação de escrita na parte inferior (imagem retirada de Rocio Rodi).
Representação
Inicialmente, qualquer traçado pode comunicar qualquer significado. Assim, um risco pode ser tanto uma árvore quanto um cachorro e a criança não faz questão de determinar claramente o conteúdo de um traçado. Além disso, ela desenhará o que sabe e não o que vê. Utilizará recursos como a transparência e será possível, por exemplo, ver um bebê dentro da barriga de uma grávida. Também poderá ocorrer a misturar de diversos pontos de vista numa mesma imagem. Isto demonstra que aquilo que a criança sabe e sente sobre o mundo à sua volta não está dissociado da representação que faz.
Com a influência do adulto e com a interação com outras crianças, sobretudo na escola, o desenho se torna mais figurativo. Cada forma adquire significado único e o conjunto de representações na folha de papel pode até formar uma história. Nesse momento, a criança é ensinada a utilizar naquilo que produz formas que já podem ser compreendidas por todos. O desenho passa a ser muito menos individual e expressivo e muito mais comunicativo, aproximando-se mais da observação do que da imaginação.
Desenho figurativo infantil.
E assim as crianças seguem produzindo suas próprias representações, explicitando em seus desenhos o mundo que as cerca e outros que sua imaginação cria.
Gostou de saber mais sobre o percurso da representação gráfica infantil? E que tal mandar exemplos de desenhos de crianças para que possamos ilustrar mais esses distintos momentos?