28 de setembro de 2017
Educação e políticas públicas são fundamentais para que, cada vez mais, os homens assumam o papel de cuidadores. É o que afirma o Relatório “Estado de la Paternidad – América Latina y el Caribe”. Confira neste post do nosso parceiro Portal Aprendiz.
Elas brincam de boneca, eles de carrinho. Elas lavam a louça, eles jogam bola. Elas arrumam a cama, eles encontram os amigos. A divisão das tarefas ainda na infância apresenta às meninas – e somente a elas – o mundo do cuidado.
As desigualdades começam cedo, atravessam a juventude e chegam à vida adulta assumindo múltiplas formas. Dos salários 30% menores aos riscos de violência (o Brasil registra cerca de 5 estupros por hora), quando escolhem formar uma família as mulheres ainda se deparam com uma divisão assimétrica e desproporcional do trabalho com a casa e com os filhos.
Segundo o relatório Estado de la Paternidad – América Latina y el Caribe, um levantamento sobre paternidade realizado nos países da região, mudar esse cenário é possível e o resultado pode ser benéfico para todos. Para que isso ocorra, informa o estudo divulgado em junho desse ano, é necessário promover políticas públicas que incentivem a participação dos pais em todas as etapas da vida dos filhos e nos cuidados domésticos, estratégias fundamentais para a construção de uma sociedade com mais saúde, cuidado e menos violência.
O brasileiro Marcos Nascimento, psicólogo e investigador da Fiocruz na área de masculinidades, integra a equipe de pesquisadores envolvidos na produção do documento que analisou o comportamento dos homens no exercício da paternidade.
Em sua visão, embora a sociedade venha trilhando novos caminhos em relação ao tema, ainda causa surpresa – a homens e mulheres – ver um homem assumindo a função de cuidador. “Falta pensar no cuidado como pertencente ao universo masculino, já que os homens são tão capazes de cuidar quanto as mulheres, só precisam ser educados para isso”, defende.
Nascimento conversou com a equipe do Portal Aprendiz sobre os desafios enfrentados para que o cuidado passe a integrar o repertório masculino, a importância das políticas públicas no estímulo ao exercício da paternidade e o papel da cultura na criação de novos valores e comportamentos. Confira algumas das colocações feitas pelo pesquisador:
“[…]a presença dos homens no cuidado é superimportante. Acredito que é o momento de ressignificar a masculinidade e o papel que o homem ocupa no mundo. Além disso, o vínculo parental, seja com o pai ou com a mãe, é muito importante para o desenvolvimento das crianças.
Sou contrário à ideia quase internalizada que o homem “ajuda”. Não é ajuda, é uma tarefa de cuidado. Ninguém diz que mãe ajuda. Com os homens é a mesma coisa: o cuidado não é um favor e sim parte de seu papel. Isso é tão internalizado que procuramos adjetivos para classificar a paternidade associada ao cuidado: paternidade ativa, responsável, nova paternidade. Nós nunca fizemos isso com as mulheres, mas com os homens há um estranhamento.”
“Nós debatemos muito a licença-maternidade como direito da mulher, mas debatemos pouco a questão da paternidade e a importância do pai presente na vida dos filhos desde o nascimento, mas essas discussões estão aumentando.”
Acesse e leia a entrevista completa aqui.