“Criança tem cada uma!” – hoje publicamos as palavras das crianças. O que pensam, criam e inventam para se apropriar desse mundo.
Respondendo a nosso chamado para compartilharem o que pensam as crianças sobre as palavras, mães, tias, professoras e avós orgulhosas nos enviaram o que os pequenos produziram.
Aqui acompanhamos como essas crianças inventam novas formas de dizer e nomear e que mostram toda a inteligência na forma como interagem com tudo o que tem a sua volta.
Obrigada a todas e aguardamos mais contribuições.
Nicolas, 8 anos:
Saindo do banho, sua mãe o enxugava embaixo do braço e ele disse:
“Mamãe, o que é axílabas?” Referindo-se às axilas…
Uma mistura deliciosa entre sílabas e axilas na idade de apropriação do processo de alfabetização, descobertas do corpo e da linguagem!
Helena, 7 anos:
“Ai mãe, de tanto escrever para fazer essa lição de casa eu fiquei com um quilózinho”.
Ela queria dizer “calinho”, mas não se lembrava como era a palavra. Muito fofo. Isso foi em 2002, quando ela tinha 7 anos.
Rafael, 3 anos:
Rafael vendo a mamãe lixar as unhas, pega a lixa e oferece para o papai: “Papai você quer descascar as unhas também?”
Gabriela, 3 anos:
Gabriela nas conversas antes de dormir (na época da Páscoa e se falando de morte de Cristo e ressurreição).
– Mãe o que você mais gosta na sua vida?
– Ser mãe.
– E na sua “não vida”?
Guilherme, 3 anos:
Guilherme antes de dormir:
– Mãe, vamos rezar aquela oração da luz hoje?
– Qual oração de luz, filho?
– Aquela que ilumina amém!
Sophia, 3 anos e 3 meses:
Sophia está há dias perguntando à sua mãe: “Mãe, cadê mais minha flautchá??”
Sua mãe responde: “Cadê o quê??”
“Minha flautchá.”
Oito dias depois Sophia tentando ainda resolver seu problema fala pausadamente e então sua mãe a entende: flautchá é flauta!
Yves, 4 anos:
Yves: Mãe, sabia que eu comi arroz doce na escola?
Mãe: Nossa que delicia, né?!
Yves: É sim… mas sabia que tinha galhos de árvores dentro do arroz?!
galhos de árvore =canela em pau
Filha de Paula Costa:
Cantava a cantiga assim: “com quem será, com quem será que a mamãe vai casar, apadedê, apadedê se o papai vai querer. “
apadedê = vai depender
Joaquim, 2 anos:
Chama futebol de chutebol. Mesmo depois de todos corrigirem ainda fala chutebol. Acha mais apropriado!
Castanha de caju é quenca.
Um objeto de qualidade ruim: chineso.
Sofia, 5 anos:
Utiliza o termo furáculos sempre que vê um buraco. Perguntada pela mãe porque chama assim, respondeu: mãe é um buraco mais bem profundo, então também é um furo.
Juliana, 3 anos:
Se referia ao Ano Novo como Ano Feliz.
Muito mais lindo, não é? Seriam votos para que todo o ano fosse feliz e não só o dia de festas.
Laura, 3 anos:
Ao levantar pela manhã a avó de Laurinha lhe disse:
-Vem aqui amor, deixe eu ajeitar seu cabelo.
– Nossa vovó… quando eu dormi meu cabelo “descabelançou” todo!!!
Miguel, 3 anos:
Mamãe, vamos jogar “Chutebol”?
Helena, 4 anos:
Helena diz para sua mãe: Eca!
Sua mãe: O que é Eca?
Helena: É uma coisa sujenta…
Cláudio, 2 anos:
“Quero ver chiubada”, dizia Cláudio de cerca de 2 anos. Ninguém entendia.
Continuava “titieu, eu que”. Continuava a família sem entender durante alguns dias.
Até que ele viu a TV ligada no Sítio do Pica-pau Amarelo. E descobrimos o “titieu” era Sítio e “chiubada” era o episódio do Anjo da asa quebrada.
Outros SINÔNIMOS das crianças:
trator = acou, acou
cabelo = bololo
chupeta = tutu, bibita
fraldinha de mão =ieie
água = babadê
mamadeira = mamapou
besouro = bessondera
nuvem = luvem
Agradecimentos pela contribuição a:
Cristiane Fernandes Tavares – São Paulo, SP
Dayse Gonçalves – São Paulo, SP
Fabíola Bergamo – São Paulo SP e Passo Fundo, RS
Patrícia Carvalho – Belo Horizonte, MG
Karen Miu – Taboão da Serra, SP
Paula Costa
Tati Fabrício
Fabiana Lima
Silvana Mendes
Elisabeth Beltrão Gomide – São Paulo, SP
Candice Klava – Florianópolis, SC
Eliana Maria Dias Maranhão de Freitas – Belo Horizonte, MG
Júlia Buarque – Cabo Frio, RJ
Patrícia Diaz – São Paulo, SP
Marilene Nogueira