4 de abril de 2016
Esta frase que integra um texto escrito por uma aluna de um 9º ano, de uma escola do Rio de Janeiro, reflete o que precisa estar por trás do combate à corrupção e do que precisa ser, desde cedo, aprendido pelas crianças.
Já tratamos aqui, aqui e aqui tanto da importância de conversarmos com as crianças sobre o que veem, escutam e observam no dia a dia quanto sobre o que podem aprender acerca do que chamamos de pequenas corrupções.
Na verdade, se pararmos para pensar, qualquer ato de corrupção carrega consigo a ausência de valores que fundamentam a convivência em sociedade, tais como o respeito, a honestidade e a justiça, não importa de que tamanho ele seja.
Nos últimos tempos, a defesa a esses valores numa tentativa de combate às grandes corrupções tem estado diariamente em pauta, nas mídias e nas ruas, e igualmente nas conversas em família e na escola também. Por conta disso, a professora Karla Farias, moradora de Maricá (Rio de Janeiro), instigou um debate junto a seu grupo de alunos do 9º ano: por que a sociedade brasileira banaliza as pequenas corrupções do cotidiano e se escandaliza com a corrupção do governo?
Conheça, a seguir, as respostas de alguns dos estudantes, quando convidados a escrever sobre o tema:
“Hoje em dia um ato de honestidade vira notícia, quando deveria ser o contrário. As pessoas devem ser honestas e, quando se for fazer algo errado, devem se colocar no lugar do outro que sofrerá as consequências dos seus atos. Se vivermos honestamente poderemos conviver melhor, em um país melhor, em um mundo melhor.” (Giulia Godolphin)
“Nós, o povo, precisamos perceber e assumir nossos erros para educarmos as outras futuras gerações e não repetirmos os nossos erros antigos, por um país sem imoralidade”. (Nina Fonseca)
“É duro ver que as pequenas corrupções encobertas por inúmeras desculpas pelo autor do erro estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. As pessoas têm sempre os olhos tão voltados para transgressões alheias, seja do governo, de políticos ou de empresas que até mesmo fecham os olhos para os seus próprios desvios.” (Marcelle Dumas)
O que destacam esses adolescentes e o que deseja a professora Karla é mostrar que a vida em sociedade se estrutura por meio de valores que pautam as condutas individuais e as relações entre as pessoas. E, nós do Toda Criança Pode Aprender, defendemos a ideia de esses são valores que podem ser aprendidos desde muito cedo pelas crianças, não apenas pelo que dizemos a elas, mas também, e por vezes muito mais, pelo que veem. Assim, ao banalizar as pequenas corrupções, o que ensinamos às crianças?… Talvez, esses adolescentes já tenham dado conta de responder a pergunta.
Informações extraídas do texto “Os adolescentes e a crise dos adultos”, do jornal O Globo.