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Sobre a importância das relações entre irmãos

Imagem retirada de Pixabay
9 de outubro de 2017

Saiba  mais sobre as muitas experiências e aprendizagens que as relações entre irmãos proporcionam na infância.

De que maneira será que a convivência com irmãos influencia o desenvolvimento infantil? Aqui, pensaremos um pouco nesse assunto, usando como referência a pesquisa das psicanalistas Rebeca Goldsmid e Terezinha Féres-CarneiroI, “A função fraterna e as vicissitudes de ter e ser um irmão“.

De acordo com as autoras há alguns aspectos especiais que permeiam o laço fraterno. Um deles é o fato de não escolhermos os nossos irmãos, mas estarmos ligados a eles em nossa história de vida, em experiências e lembranças, mais do que com a maioria das pessoas com quem convivemos. Outra questão importante: a relação com irmãos é vitalícia, ou seja, durará para a vida inteira, pois é impossível deixar de ser irmão de alguém, assim como não se pode deixar de ser filho, neto etc.

Conforme já dissemos aqui, existe um sentimento de onipotência vivenciado nos primeiros anos de vida que é fundamental para o desenvolvimento emocional infantil. Com o passar do tempo, ganha-se autonomia e é preciso abdicar desse lugar especial, protegido, para poder inserir-se na cultura e nas relações sociais.

Ter irmãos obriga a criança a dividir a atenção familiar com outra pessoa, que é considerada tão importante quanto ela. E não é apenas isso que passa a repartir, como também seus objetos, os espaços da casa, a comida que é servida nas refeições entre outros elementos que permeiam seu cotidiano. Ela também passa a ter que esperar sua vez, ter paciência, aguentar as frustrações e compreender o lugar do outro. Essas insatisfações e frustrações com os pais permitem que ela perceba gradativamente que eles não são perfeitos e não suprirão todas as suas necessidades, dando base para que busque outros laços pelo mundo.

Além disso, a rivalidade entre irmãos, quando não alimentada pela família e vivida de modo equilibrado, exige que as crianças aprendam a controlar seu ódio. Muitas vezes poderão acontecer descontroles ou exageros. Entretanto, esse exercício de lidar com as próprias emoções, reconhecendo limites e podendo sentir culpa e reparar situações em que se “passou do ponto” pode contribuir muito para o amadurecimento emocional das crianças.

Pensando em outros momentos, que não os de competição entre irmãos, podemos identificar inúmeras situações de apoio e cuidado mútuo, compreensão, colaboração e solidariedade. Ter um outro para compartilhar tanto as agruras de viver sob a autoridade dos mais velhos, quanto experiências prazerosas pode aproximar e alimentar o sentimento fraterno. Conforme aponta a pesquisa de Rebeca Goldsmid e Terezinha Féres-CarneiroI:

“A solidariedade entre os irmãos pode ser de tal ordem que os pais se sintam diante de um “sindicato dos filhos”, pois estes se protegem uns aos outros, defendendo a causa do irmão, numa atitude corporativa.”

Crescer com irmãos ao lado ainda permite lidar com as diferenças nos modos de ser, pensar, agir e se expressar, assim como aprender com o jeito do outro. E a partir dessas experiências, é possível vir a ter mais consciência de quem se é.

Outras referências sobre o tema:

Irmãos – O Começo da Vida
A relação entre irmãos na psicanálise por Christian Dunker

 

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