15 de outubro de 2013
[:pt]Crianças invisíveis são aquelas que estão sofrendo de algum abuso mas não sabem que podem pedir ajuda, que não têm para quem se dirigir quando algo que lhes prejudica ocorre.
São crianças como quaisquer outras, que pertencem a diferentes tipos de família, pobres ou ricas, e sofrem o que chama-se de desproteção infantil. Isso pode se dar em forma de maus-tratos físicos ou emocionais, abuso sexual ou negligência familiar.
São invisíveis pois ainda é raro que cheguem a ter auxílio e proteção devida. Normalmente estão sozinhas para lidar com seus sentimentos e suas emoções. Mas essas crianças não podem continuar invisíveis!
Em Palma de Mallorca, Espanha, ocorreu uma exposição com desenhos de crianças que sofreram maus-tratos. Por meio de acompanhamento psicológico e terapêutico conseguiram se expressar usando o desenho, tentando explicar o que, a princípio, seria inexplicável.
A mostra reuniu 18 desenhos de crianças entre 5-15 anos de idade. As imagens demostram uma realidade que choca e assusta; acompanhado de cada desenho há observações feitas pelos profissionais responsáveis pelo acompanhamento das crianças.
Andreu, 8 anos – Sofria abusos desde os 4 anos de seu padrasto. Ele desenha a si mesmo com cara de pânico e marcando os botões da camisa e o zíper da calça.
Elena, 6 anos – Sofria abusos e maus-tratos de seu pai. Agora vive com sua avó. No desenho representa o seu pai em um desenho pequeno e tendo relações sexuais com ela. Elena descreve: ele se comportou muito mal. A figura grande do desenho, sorridente, representa a avó acolhedora, com quem se sente protegida.
Isabel, 8 anos – Ela se desenhou em cima de uma cadeira, local em que o abusador a colocava para conseguir manter relações sexuais. No alto é o seu irmão, que via tudo que estava acontecendo.
Javier, 6 anos – Sofre abusos desde os 4 anos e agora vive em um centro de menores. Seus pais são separados e têm sempre conflitos. O pai cumpriu um ano de prisão por violência contra a mãe. A mãe toma medicamentos e está recebendo tratamento por problemas de saúde mental. Os pais já fizeram acusações mútuas e ambos prestaram denúncias de abuso sexual à Javier na casa do outro. O menino se desenha em um dia de chuva. Acrescenta no desenho um carro que parece que o está atropelando, o carro está sendo dirigido pelos pais. Ao lado desenha uma casa sem janelas onde disse que vive seu pai, sua mãe e ele.
Irene, 5 anos – Ela e seus irmãos sofreram de maus-tratos emocionais e negligência familiar. No seu desenho, Irene expressa as relações amorosas caóticas que existem entre os membros da família. As primeiras figuras (irmã de 10 anos e a mãe) mantém uma relação muito ruim, porque a mãe obriga a irmã a cuidar dos irmãos. Nesta família há suspeitas de abusos sexuais à filha maior.
Marina, 5 anos – Abusada sexualmente desde os 4 anos por seu pai. Ela desenha os filmes pornográficos que via com ele. Marina disse que os personagens que via estavam pelados e faziam coisas erradas. A linha circular representa a tela da televisão.
Toni, 6 anos – Sofreu de abusos sexuais no âmbito familiar. Quando pediram para ele a descrição do seu abusador, ele disse que era um monstro e indica no desenho como eram os seus órgãos sexuais.
Victor, 7 anos – Sofreu abuso sexual desde os 4 anos de idade por seu pai. Agora está com um tutor. Ele desenha o que o seu pai pedia para que fizesse – neste caso, sexo oral.
Além dessa exposição foi feito uma campanha – Los monstruos de mi casa (Os monstros da minha casa) – que busca revelar uma sociedade culpada que negligencia casos de abusos e maus-tratos dentro de famílias, rompendo com possíveis normas de privacidade. A campanha produziu um documentário que retrata a realidade por meio de relatos de protagonistas e profissionais que tentam buscar soluções para esse tipo de problema.
O que podemos fazer para que as crianças saibam que esse tipo de comportamento é abusivo e pode ser denunciado?
Uma criança não nasce sabendo distinguir comportamentos morais e imorais; mesmo que ela sinta medo e desconforto, o abusador pode tratar a situação de maneira natural, fazendo com que a criança aceite essa ação de uma maneira ou de outra.
É necessário acolher casos de abusos e maus-tratos e, para isso, é preciso investir em informação e conscientizar a população.
Outro exemplo de instituição que contribui para o acolhimento a essas crianças é a Fundação Anar (Ayuda a Niños y Adolescentes en Riesgos), também da Espanha. Ela criou uma campanha incrivelmente inteligente. Juntamente com uma agência de publicidade criaram um cartaz de rua que oferece, com uso de tecnologia, imagens diferentes para adultos e para crianças dependendo do ângulo em que se olhe.
Considerando a média de altura das crianças e dos adultos, os cartazes oferecem uma imagem específica para a visualização de adultos e outra imagem para a mirada das crianças. Na imagem possível de ser visualizada pelos adultos, há uma mensagem de conscientização sobre o problema. Na mensagem para as crianças, há uma chamada de incentivo para que denuncie seu agressor e um número de telefone.
Essas crianças não podem continuar invisíveis!
[:en]Crianças invisíveis são aquelas que estão sofrendo de algum abuso mas não sabem que podem pedir ajuda, que não têm para quem se dirigir quando algo que lhes prejudica ocorre.
São crianças como qualquer outra, que pertencem a diferentes tipos de família, pobres ou ricas, e sofrem o que chamam de desproteção infantil. Isso pode se dar em forma de maus-tratos físicos ou emocionais, abuso sexual ou negligência familiar.
São invisíveis pois ainda é raro que cheguem a ter auxílio e proteção devida. Normalmente estão sozinhas para lidar com seus sentimentos e suas emoções. Mas essas crianças não podem continuar invisíveis!
Em Palma de Mallorca, Espanha, ocorreu uma exposição com desenhos de crianças que sofreram maus-tratos. Por meio de acompanhamento psicológico e terapêutico conseguiram se expressar usando o desenho, tentando explicar o que, a princípio, seria inexplicável.
A mostra reuniu 18 desenhos de crianças entre 5-15 anos de idade. As imagens demostram uma realidade que choca e assusta; acompanhado de cada desenho há observações feitas pelos profissionais responsáveis pelo acompanhamento das crianças.
Andreu, 8 anos – Sofria abusos desde os 4 anos de seu padrasto. Ele desenha a si mesmo com cara de pânico e marcando os botões da camisa e o zíper da calça.
Elena, 6 anos – Sofria abusos e maus-tratos de seu pai. Agora vive com sua avó. No desenho representa o seu pai em um desenho pequeno e tendo relações sexuais com ela. Elena descreve: ele se comportou muito mal. A figura grande do desenho, sorridente, representa a avó acolhedora, com quem se sente protegida.
Isabel, 8 anos – Ela se desenhou em cima de uma cadeira, local em que o abusador a colocava para conseguir manter relações sexuais. No alto é o seu irmão, que via tudo que estava acontecendo.
Javier, 6 anos – Sofre abusos desde os 4 anos e agora vive em um centro de menores. Seus pais são separados e têm sempre conflitos. O pai cumpriu um ano de prisão por violência contra a mãe. A mãe toma medicamentos e está recebendo tratamento por problemas de saúde mental. Os pais já fizeram acusações mútuas e ambos prestaram denúncias de abuso sexual à Javier na casa do outro. O menino se desenha em um dia de chuva. Acrescenta no desenho um carro que parece que o está atropelando, o carro está sendo dirigido pelos pais. Ao lado desenha uma casa sem janelas onde disse que vive seu pai, sua mãe e ele.
Irene, 5 anos – Ela e seus irmãos sofreram de maus-tratos emocionais e negligência familiar. No seu desenho, Irene expressa as relações amorosas caóticas que existem entre os membros da família. As primeiras figuras (irmã de 10 anos e a mãe) mantém uma relação muito ruim, porque a mãe obriga a irmã a cuidar dos irmãos. Nesta família há suspeitas de abusos sexuais à filha maior.
Marina, 5 anos – Abusada sexualmente desde os 4 anos por seu pai. Ela desenha os filmes pornográficos que via com ele. Marina disse que os personagens que via estavam pelados e faziam coisas erradas. A linha circular representa a tela da televisão.
Toni, 6 anos – Sofreu de abusos sexuais no âmbito familiar. Quando pediram para ele a descrição do seu abusador, ele disse que era um monstro e indica no desenho como eram os seus órgãos sexuais.
Victor, 7 anos – Sofreu abuso sexual desde os 4 anos de idade por seu pai. Agora está com um tutor. Ele desenha o que o seu pai pedia para que fizesse – neste caso, sexo oral.
Além dessa exposição foi feito uma campanha – Los monstruos de mi casa (Os monstros da minha casa) – que busca revelar uma sociedade culpada que negligencia casos de abusos e maus-tratos dentro de famílias, rompendo com possíveis normas de privacidade. A campanha produziu um documentário que retrata a realidade por meio de relatos de protagonistas e profissionais que tentam buscar soluções para esse tipo de problema.
O que podemos fazer para que as crianças saibam que esse tipo de comportamento é abusivo e pode ser denunciado?
Uma criança não nasce sabendo distinguir comportamentos morais e imorais; mesmo que ela sinta medo e desconforto, o abusador pode tratar a situação de maneira natural, fazendo com que a criança aceite essa ação de uma maneira ou de outra.
É necessário acolher casos de abusos e maus-tratos e, para isso, é preciso investir em informação e conscientizar a população.
Outro exemplo de instituição que contribui para o acolhimento a essas crianças é a Fundação Anar (Ayuda a Niños y Adolescentes en Riesgos), também da Espanha. Ela criou uma campanha incrivelmente inteligente. Juntamente com uma agência de publicidade criaram um cartaz de rua que oferece, com uso de tecnologia, imagens diferentes para adultos e para crianças dependendo do ângulo em que se olhe.
Considerando a média de altura das crianças e dos adultos, os cartazes oferecem uma imagem específica para a visualização de adultos e outra imagem para a mirada das crianças. Na imagem possível de ser visualizada pelos adultos, há uma mensagem de conscientização sobre o problema. Na mensagem para as crianças, há uma chamada de incentivo para que denuncie seu agressor e um número de telefone.
Essas crianças não podem continuar invisíveis!
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