Descubra aqui como os bebês são capazes de lidar com situações complexas tais como os momentos de separação do adulto que representa a figura materna, a manifestação da própria agressividade e a culpa em relação aos próprios atos.
Dos 7 meses em diante, a criança já está bem mais consciente de si e das possibilidades de seu corpo. Conforme contamos aqui, ela vai se percebendo gradualmente como um indivíduo diferente do adulto que cumpre o papel materno. Este sentimento de separação é algo angustiante a princípio, pois apesar de depender desse adulto afetiva e biologicamente para sobreviver, o bebê descobre que não possui controle total sobre ele.
Ao lidar com esta descoberta, várias serão as formas de se expressar. Jogar coisas no chão e depois tentar recuperá-las, pedindo-as de volta ou arrastando-se até elas, por exemplo, é uma maneira de experimentar esse processo de aproximação e afastamento. A famosa brincadeira na qual o adulto se esconde atrás das mãos dizendo “cadê?” e depois mostra novamente o rosto ao bebê exclamando “achou!” também é uma forma lúdica de a criança começar a vivenciar os desaparecimentos e reaparecimentos dessa pessoa.
Nesta fase de maior autoconsciência, o bebê já tem certa noção do que mobiliza nos adultos e sente culpa quando age de maneira agressiva. Ao mesmo tempo em que é preciso aprender a controlar a agressividade, esta também é necessária para a autoafirmação individual. É a partir de gestos de negação que a criança irá se colocar, demonstrando do que gosta e do que não gosta. Por isso é importante que os adultos que interagem mais diretamente com o bebê sejam cuidadosos para que ele não sinta que essas manifestações de posicionamento são destrutivas ou desestabilizadoras. Assim, ele terá mais liberdade para se expressar e desenvolver sua personalidade de maneira sincera.
Os objetos pessoais irão ganhar cada vez mais relevância ao longo desta fase, pois darão suporte emocional ao bebê nos momentos de afastamento de quem exerce a figura materna. Eles também serão sentidos pela criança como locais seguros para descarregar a agressividade. Muitas vezes poderão ficar destruídos aos olhos do adulto, mas sem perder o valor afetivo que possuem para a criança.
As aquisições físicas entre o sétimo e o nono mês auxiliam a lidar com esses novos desafios. Por exemplo: as capacidades de arrastar-se, rolar, engatinhar e ficar de pé com ajuda de apoio, possibilitam que o bebê procure pelo adulto no ambiente, torne-se mais independente e vá atrás de objetos e locais que deseja explorar.
A criança também vai ficando mais expressiva: faz grande quantidade de movimentos, imita gestos dos adultos e responde ativamente às suas brincadeiras. Com cerca de 8 meses começa a emitir sons mais elaborados, como sílabas (“da-da!”), e aos 9 meses é possível que diga pequenas palavras. Isso permite que ela chame a atenção dos adultos de modo mais eficiente.
Notou como o desenvolvimento físico da criança está ligado ao seu desenvolvimento emocional? Percebeu o quanto os bebês são capazes de enfrentar situações complexas? Conte para nós o que pensou sobre estes assuntos e fique ligado nos próximos posts da série sobre desenvolvimento infantil!