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DESENVOLVIMENTO INFANTIL – Dos 7 aos 12 anos: tempo de grandes mudanças

Imagem retirada de Pixabay.
28 de novembro de 2016
Este artigo faz parte da série:

Desenvolvimento Infantil

No post final de nossa série sobre desenvolvimento infantil, trataremos dos últimos anos da infância, abordando as importantes transformações que se consolidam nesse momento da vida!

 

Entre os 7 e os 12 anos acontecem muitas mudanças importantes, que não só consolidam o que foi adquirido nas outras fases do desenvolvimento infantil, como também implicam em novas aquisições intelectuais, psicológicas e sociais.

Ao longo dos primeiros anos desse período, o pensamento lógico é fortalecido, torna-se mais estável e a criança é capaz de abstrações cada vez mais complexas. Ela é menos influenciada pela percepção sensorial. Consegue, por exemplo, entender que embora um vaso estreito tenha o nível da água mais alta que um vaso largo, ambos podem ter a mesma quantidade. Pode também chegar a antecipar resultados sem precisar vê-los ocorrendo de forma concreta. Conforme vai se desenvolvendo, já perto dos 12 anos, a criança é capaz de dispor desses novos recursos com mais desenvoltura, utilizando-os para além da situação imediata. Esse é mais um passo dado rumo à abstração do pensamento.

As demandas escolares se tornam maiores, exigem mais responsabilidades e é marcante a inserção no universo da leitura e da escrita a partir do processo de alfabetização inicial. Isso implica em muitas mudanças como: compreender o funcionamento da língua e as questões ortográficas; ampliar sua habilidade para escrever textos, de forma manuscrita ou usando processadores de textos; aprender sobre os diferentes textos e suas funções comunicativas; ser capaz de transformar o significado do que é lido em representação mental; fazer relações entre as próprias experiências e o texto e compreender sequências temporais; ler por si mesmo com progressiva autonomia e desfrutar de textos literários bem como aprender mais na interação com portadores de informações.

Todos esses avanços intelectuais que vão se desenvolvendo entre os 7 e os 12 anos também estão ligados a transformações nas relações interpessoais e na autopercepção. Tornam-se mais apuradas as capacidades de identificar processos internos, como sentimentos e pensamentos (entendendo a diferença entre algo que é psicológico e algo que é físico), de assimilar o que está em jogo em uma situação social, de pensar sobre a própria posição frente ao coletivo e de empatizar com o que os outros sentem.

Além disso, é mais fácil a compreensão de que as pessoas são diferentes e têm características próprias que implicam em formas distintas de se relacionar. A criança passa a perceber que, da mesma maneira que ela, os outros são capazes de ler suas intenções e sua forma de agir. Isso permite que ela se adeque a diferentes situações.

Aos poucos, também se torna possível ler os acontecimentos com maior distanciamento. A criança consegue, de modo progressivo, afastar-se e colocar-se no lugar de um terceiro, como se adquirisse o ponto de vista de um observador que não participa do que está ocorrendo.

Gradualmente, aprendem a colocar-se no lugar de um grupo amplo. Isso é fundamental para que compreendam melhor questões relacionadas ao coletivo. A forma de encarar as regras sociais passa igualmente por mudanças. As crianças adquirem maior autonomia e entendem que precisam respeitar combinados e regras não por conta de uma autoridade externa, mas porque eles possuem um sentido na organização das relações e dos espaços comuns. Adquirem maior flexibilidade em relação a regras que precisam ser modificadas, justamente porque o que rege sua legitimação é o sentido que possuem e os efeitos que têm e não a autoridade de quem as criou. Conseguem ponderar seus atos mais autonomamente, pensando sobre eles e os avaliando em relação aos outros e aos seus efeitos.

As amizades vão ficando mais baseadas em afinidades e compartilhamento de pensamentos e opiniões, substituindo as relações imediatas que se estabelecem ao acaso em outros momentos da infância. Passam a identificar-se com grupos sociais, o que ganha ainda mais espaço na adolescência.

Vale ressaltar que cada etapa do desenvolvimento descrita ao longo dessa série é apenas uma indicação do que em geral mobiliza a maioria das crianças ao longo de seu amadurecimento. Cada uma vivenciará esse processo a seu modo e é papel do adulto acompanhar as diferentes manifestações da criança, procurando oferecer as melhores condições possíveis ao seu desenvolvimento.

Esperamos, com os posts dessa série, ter contribuído para oferecer um panorama geral sobre o desenvolvimento infantil e seus marcos mais importantes.

Esse post foi baseado no volume 1 do livro “Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva”, organizado por César Coll, Jesús Palacios e Alvaro Marchesi, editado pela Artes Médicas de Porto Alegre (1995).

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