6 de julho de 2016
Vestir os filhos do mesmo jeito como você está vestido. Será que isso é uma boa ideia?
Algumas lojas e marcas desenvolvem coleções que oferecem opções de peças iguais ou muito semelhantes, uma para ser usada pelos pais e outra para vestir os filhos. Isso pode à primeira vista parecer uma ideia divertida. Mas será que apostar nessa proposta é uma boa ideia?
Sempre reforçamos no Toda Criança Pode Aprender o quanto os adultos, principalmente os pais, são referências muito fortes para a criança, base para a construção de sua identidade. Porém, inevitavelmente, os filhos apresentarão diferenças em relação aos comportamentos, gostos e atitudes parentais ao longo de seu desenvolvimento. Isso não é só natural, como desejável para a formação de sua individualidade.
Algumas vezes, essas divergências são sentidas pelos pais como algo desafiador, uma espécie de traição às suas expectativas. Em outros casos, elas podem ser acolhidas e até valorizadas, legitimando as particularidades daquela criança e demonstrando aceitação e tolerância em relação às diferenças entre as pessoas.
Vestir filhos de forma igual aos pais é uma forma de reforçar um desejo de anular esses sinais de diversidade. Mesmo que essa não seja a intenção original, pode ficar um sinal para a criança de que ela deve sempre buscar se igualar aos pais, pois as suas escolhas e aspectos próprios não se encaixam na dinâmica familiar. Uma situação semelhante pode acontecer quando os pais optam por vestir irmãos da mesma maneira, acentuando uma busca por semelhanças ao invés de valorizar a convivência entre indivíduos únicos e, portanto, com diferenças entre si.
É importante dizer que a questão da vestimenta é apenas uma das muitas oportunidades em que se pode pensar sobre a formação de identidade da criança e a sua relação com modelos e expectativas dos adultos. O que propomos é buscar compreender de que maneira cada uma dessas situações irá compor um contexto mais ou menos tolerante e convidativo às expressões singulares da criança.