27 de dezembro de 2018
Neste post do nosso parceiro Portal Lunetas, conheça projetos educativos inspirados em agroflorestas.
“Plantar horta e colher floresta.” Essa afirmação soará absurda se você associa horta a pés de alface e floresta a jacarandás amazônicos. Talvez no começo também tenha soado estranha aos 112 alunos do Instituto de Educação Infantil e Juvenil (IEIJ) ao pisarem pela primeira vez nos canteiros de agrofloresta da fazenda Terra Planta, entre os municípios de Arapongas e Sabáudia, no norte do Paraná.
“Uma das maiores riquezas trazidas pela agrofloresta é outra forma de se relacionar com o planeta”, explica Eduardo Carriça dos Santos, produtor agroflorestal na Fazenda Terra Planta. Do trabalho inspirado pela agricultura sintrópica – conceito desenvolvido pelo agricultor suíço, Ernst Götsch -, nasceu o projeto SAFE – Semeando Agrofloresta nas Escolas. A intenção é ensinar, desde cedo, às crianças que é possível conciliar uma alimentação sem veneno com o máximo de componentes nutricionais, sem esgotar o solo, a água e o ambiente local. Pelo contrário, a ideia é mostrar a elas que é possível devolver à natureza aquilo que se retira dela, plantando sementes que no futuro se tornarão floresta produtiva.
Eduardo relata que o projeto envolveu atividades de todo o tipo com crianças de cinco a quatorze anos, incluindo palestras com seus pais e professores, estudo de sementes, raízes, mudas, experimentação de técnicas de plantio e combinações de cultivos, até a apresentação do conceito de sintropia.
A palavra “sintropia” é utilizada em oposição à entropia, termo associado à desorganização, degradação de sistemas e à perda de energia. A agricultura sintrópica, por sua vez, propõe reordenar e restaurar o ambiente natural das florestas, recuperando o solo, restituindo nascentes e o micro-clima regional.
Outro projeto que envolve a agroflorestal acontece na Cidade Escola Ayni, em Guaporé, Rio Grande do Sul. As crianças têm de três a sete anos e ainda não sabem diferenciar as variedades de batata doce plantadas e nem dizer se é época de colher cenoura. Mas isso pouco importa, porque o que elas querem mesmo é comer sopa. E elas vão cozinhar com o alimento que estiver maduro naquele momento. Para esse e outros interesses do dia a dia, elas têm à disposição um laboratório vivo, sem paredes ou portas, onde a única chave de entrada é a própria vontade.
A Cidade Escola Ayni é resultado de uma pesquisa por mais de 40 projetos de educação alternativa e da troca de experiências com educadores de todas as partes do mundo.
“Queremos resgatar a educação mais natural possível, a alimentação mais natural possível, as construções mais naturais possíveis. Olhar para trás e reconhecer o que já existiu”, informa Érica Canton, responsável pela agroflorestal da escola.
Pero Vaz de Caminha também registrou que, nesta terra, em se plantando, tudo dá. E há um motivo para isso, uma sabedoria ancestral que começa a ser resgatada e empregada nos processos educativos contemporâneos.
Estes são apenas alguns dos projetos educativos, envolvendo agroflorestas, que estão sendo desenvolvidos em regiões distintas do país. Que tal conhecer outros? Acesse aqui.
Texto adaptado de: Portal Lunetas.