25 de outubro de 2017
E qual a importância de as crianças terem acesso a esse material?
“Ei, me empresta o lápis ‘cor de pele’?”. Você já deve ter escutado essa frase, especialmente dentro do ambiente escolar, onde frequentemente crianças e adultos se utilizam dessa expressão para indicar materiais de desenho com as tonalidades de bege ou rosa, certo? Pois bem, mas qual a relevância de se fazer uma reflexão acerca de um “simples” termo como esse?
Quando associamos a “cor de pele” a cores claras, próximas da cor da pele de uma pessoa branca, acabamos excluindo aqueles que têm peles em outros tons, deixando explícito que existe algo de muito diferente e discrepante entre o conceito e a realidade da diversidade de cores de pele. É como se o marrom e o amarelo, por exemplo, não fossem tão importantes como o bege ou o rosa claro, pois não assumem esse status que os eleva à condição do lápis ou do giz que foi chamado de “cor de pele”. Isso vai deixando nas crianças marcas muito profundas e um tanto veladas, como a baixa autoestima, a sensação de inferioridade, a exclusão, dentre tantas outras consequências…
Essa questão vêm se arrastando por longas décadas ao longo da história. Somente agora parece que tal questionamento vem circulando com maior expressividade para buscar alternativas a esses costumes relativos às questões raciais. Em matéria publicada na página Geledés Instituto da Mulher Negra, descobrimos que a Uniafro (Programa de Ações Afirmativas para a População Negra) e a Koralle, marca brasileira que produz artigos que envolvem o universo artístico, firmaram parceria para desenvolver uma caixa de giz de cera com 12 tonalidades de diferentes nuances entre o bege e o preto para designar a “cor de pele”. Segundo um trecho encontrado na publicação, “o objetivo é que as cores representem a diversidade racial da população brasileira e desconstruam a ideia de que somente o rosa pode ser usado para pintar a cor da pele das pessoas. Também dão força para professores e pais que queiram tratar a igualdade racial com os pequenos”.
Imagem retirada da página Geledés Instituto da Mulher Negra
Atualmente a caixa de giz pode ser encontrada na maior parte das escolas públicas do Rio Grande do Sul, bem como através do site da Koralle por R$17,29. A repercussão foi tamanha que a Uniafro tem estudado possibilidades de lançar em breve um novo estojo com 24 cores de pele, ampliando o leque de opções para aqueles que querem encontrar pigmentos mais fiéis para retratar o corpo das inúmeras pessoas ao redor do mundo, tão diferentes e particulares entre si.
O racismo é um problema social grave que ainda faz parte da vida em comunidade, segregando e oprimindo em sua grande maioria a população negra, que é desvalorizada e desrespeitada desde os tempos da escravidão. A falta de representatividade faz com que as crianças, logo cedo, sintam-se deslocadas do mundo social. Prestar atenção nesses detalhes para lutar pela inclusão e ampliação dos espaços de circulação de todos é imprescindível para quebrarmos, pouco a pouco, as barreiras do preconceito.
E você o que pensa sobre isso?