21 de setembro de 2016
Vocês já pararam para pensar que existem diversas maneiras de se apresentar às crianças uma história? Contá-la por meio da oralidade tem a mesma função da leitura de um livro, por exemplo? E ele ter ilustrações altera o valor ou a qualidade do texto? O que muda com essas formas particulares de se fazer uma narrativa?
Há muitas formas de se envolver numa contação de histórias, e cada uma delas tem o seu valor educativo, algo que merece ser reconhecido em sua dimensão artística e cultural. Quando as narrativas são recolhidas da transmissão oral, evoca-se a memória do contador, que faz uma atualização do conteúdo de uma obra clássica, por exemplo, atribuindo uma nova “cara” a ela, conforme preserva sua mensagem pessoal à apresentação da história.
Já quando ela é inventada, o narrador poderá desfrutar de toda a sua liberdade criativa para cativar o ouvinte e ser invadido por ideias e pensamentos que surgem no “aqui e agora” do encontro.
A apresentação de uma história pode ainda ser sustentada pelos livros, com ou sem figuras ilustrativas. Quando fazemos uma leitura sem imagens, além da entonação de voz e da ênfase que damos aos detalhes, convidamos o ouvinte a imaginar todo aquele cenário e os personagens presentes no enredo, alimentando a fantasia e as expectativas que se pode fomentar a partir desse registro compartilhado.
As relações com o texto podem ser muito ricas e distintas umas das outras, visto que cada indivíduo é tocado e impulsionado a viver determinadas situações de acordo com sua história de vida e com aquilo que o mobiliza. Dada a inserção das ilustrações, qualidades de uma nova ordem surgem em parceria com essas histórias. Elas chamam atenção, encantam e dão forma ao entendimento daquilo que se ouve através do olhar de uma terceira pessoa que interpretou todo esse emaranhado de informações. Não se pode dizer que sejam apenas apêndices do conteúdo escrito na narrativa, pois conferem, na maioria das vezes, elementos de enlace e fascínio à trama. Outra função pode ser revelada pelas imagens quando estas se isolam das palavras, convocando os leitores a produzir sentidos pelos recursos visuais que os levam a idealizar uma possível temática para aquilo que está sendo representado.
Um famoso quadro do programa Ra-tim-bum, transmitido nos anos 90 pela TV Cultura, trouxe uma produção teatral inovadora e muito interessante à contação de histórias, onde a narradora manuseava objetos que se poderia facilmente encontrar em casa, dando-lhe outra função representativa. Confira aqui:
Cada uma dessas formas tem sua relevância e nos dá ferramentas para que se sonhe junto ao ouvinte. Que tal brincarmos com essas técnicas criando novos estilos para dividir uma história com alguém? Comece uma narrativa e peça para uma criança dar continuidade a ela. Ou então sugira que os pequenos façam ilustrações para determinados recortes de uma história e veja como eles pensaram as situações expostas ou que aspectos foram mais marcantes para cada uma dessas pessoas e suas consequentes produções. Compartilhe conosco como foi essa experiência!