21 de janeiro de 2015
Quando um adulto dá um tapa numa criança está ensinando que a agressão é uma forma válida de resolver um problema.
Um gesto estabanado pode provocar a queda de um copo barato ou de uma valiosa peça de porcelana. No primeiro caso não há castigo, mas no segundo a criança pode levar uma surra. Ou seja, a punição não está ligada ao gesto da criança, mas à consequência desse gesto e ao estado de espírito dos pais. Portanto, um tapa não ensina nenhuma regra.
Outra limitação do método da palmada é que ele se baseia na superioridade física dos pais, que é efêmera: os filhos estão crescendo e todos os pais já pararam de crescer. Para manter a mesma vantagem, será preciso apelar para acessórios cada vez mais pesados, da mão ao chinelo, deste ao cabo de vassoura e assim sucessivamente.
Ninguém acredita que com palmadas é possível ensinar os filhos a ser generosos, dignos ou confiantes. E são esses os valores que queremos transmitir.
Resposta de Lidia Rosenberg Aratangy, no texto Os pais comandam. Os filhos agradecem.
* Lidia Rosenberg Aratangy é psicóloga, terapeuta de casais e famílias, professora aposentada da Faculdade de Psicologia da PUC de São Paulo, da qual foi diretora de 1981 a 1985. Autora de vários livros sobre o relacionamento familiar, entre eles O Amor Tem Mil Caras (Ed. Olho Dágua), Pais que Educam Filhos que Educam Pais (Ed. Rideel), Livro dos Avós (Ed. Artemeios).