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Por que ainda vemos poucos educadores homens na educação infantil?

8 de agosto de 2016

Atualmente a maioria dos educadores que trabalham em creches e escolas são mulheres. Você já parou para pensar por que os homens ainda não estão plenamente inseridos nesses ambientes?

Para iniciar essa conversa, basta que voltemos alguns anos em nossa própria história, evocando na memória quais foram as primeiras pessoas que tivemos como referência no ambiente escolar. Vocês conseguem se lembrar? Pois bem, a maioria desses adultos (senão a totalidade) provavelmente era composta por mulheres, certo? Mera coincidência ou esse fenômeno pode estar relacionado a movimentos pelos quais a nossa sociedade passou ao longo do tempo?

A predominância de figuras femininas na educação infantil não é surpresa ou algo que costumamos questionar, visto que culturalmente esse lugar lhes foi dado: o lugar de quem cuida, cria, educa, dá afeto, estando sempre atentas às demandas e necessidades dos pequenos, para atendê-las satisfatoriamente.

Agora, o que acontece quando nos deparamos com homens exercendo as mesmas funções no ambiente escolar de crianças de 0 a 5 anos, por exemplo? Mesmo às pessoas que já se puseram a pensar sobre essas questões, costuma ser no mínimo curioso ou algo que desperta especial interesse ver de perto adultos do sexo masculino pegando crianças no colo, trocando fraldas, dando mamadeira, fazendo carinho, cantando, ninando, lendo uma história, brincando, enfim… Estando completamente a serviço das crianças num contato mais íntimo.

O estereótipo de gênero que o homem ocupa ainda nos dias de hoje é bastante distante desse quadro que acabamos de pintar, mas é importante pensarmos sobre os impactos que isso pode ter sobre a formação de indivíduos em desenvolvimento. Quando inserimos rapazes nesses contextos, partindo de um real desejo dos mesmos em exercer essas funções e lhes dando as ferramentas necessárias para tal, mostramos que um homem pode ter tanta competência para realizar as tarefas que envolvem o dia a dia do professor quanto uma mulher, não sendo algo restrito à divisão de gêneros. Além disso, quando eles começam a transitar por esses espaços, outras visões de mundo somam-se ao universo infantil, favorecendo a troca de experiências e a aprendizagem acerca da diversidade.

Uma visão um tanto sexualizada e carregada de preconceitos a respeito dessa participação muitas vezes é observada pelas famílias dessas crianças, dando margem ao aparecimento de inúmeras fantasias e dúvidas em relação a esse cuidado. Tal preocupação, especialmente no que se refere à educação infantil, talvez se dê por conta da transposição que essa família irá fazer em direção ao mundo de seus meninos e meninas. A escola, portanto, será um espaço inédito de interação social fora do ambiente controlado, confiável e de proteção no qual circulavam, e a criança, por sua vez, passará a conviver com gente que veio dos mais diferentes lugares, com visões de mundo distintas, encontrando novas formas de diálogo e enfrentando as situações mais adversas e inusitadas nesse campo que também terá regras particulares.

É fundamental que a escolha do ambiente no qual os pequenos serão deixados por boa parte do dia e que será responsável por parte da sua formação seja muito bem feita, investigando por meio de um olhar atento como se dão as dinâmicas dentro desse espaço, se faz sentido e é congruente com os valores que a própria família pretende tomar por base para educar suas crianças e se ela está aberta a essas trocas.

Pensar em grupos mais heterogêneos e plurais promove não somente um encontro com um sem-fim de possibilidades advindas desses universos em confluência, como é também um convite à tolerância, à inclusão, à visibilidade de indivíduos e grupos que nem sempre compartilham os mesmos espaços e posições dentro da coletividade, mas que são capazes de construí-la de maneira rica e engrandecedora.

 

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