2 de abril de 2014
Livros para crianças são ótimos para abrir as portas do imaginário, ampliar o domínio sobre a linguagem distinta daquela que se fala, além de possibilitar uma imersão aos diversos mundos que existem – ou não.
Quando pensamos em ler para crianças, muitas são as dúvidas: qual o melhor livro? Como escolher? Como ler? O que será que as crianças podem aprender? Entre outras tantas.
Longe de ambicionar responder todas essas perguntas, já falamos sobre a leitura aqui, aqui e aqui. Para ampliar um pouco mais as reflexões, hoje trazemos a palavra de uma especialista espanhola em literatura infantil e juvenil, Teresa Colomer, que indica, em uma entrevista, aspectos relevantes para considerarmos na escolha de livros para crianças.
Perguntada sobre a função da literatura infantil, ela apresenta três aspectos:
1. Abrir as portas ao imaginário humano configurado pela literatura:
“A literatura permite estabelecer uma apreciação distinta sobre o mundo, colocar-se no lugar do outro e ser capaz de adotar um olhar alheio, distanciar-se das palavras usuais ou da realidade em que está imerso e vê-lo como se estivesse vendo pela primeira vez. É uma via de conhecimento, uma reflexão da humanidade que está plasmada nos livros e que as crianças devem ter acesso”.
2. Ler (ou escutar) literatura infantil supõe que as crianças tenham a possibilidade de dominar a linguagem e as formas literárias básicas que sustentam e desenvolvem as competências literárias:
“Os humanos nascem com uma predisposição inata para as palavras e para representar o mundo, regular as ações, simplificar e ordenar o caos da existência e expressar sensações, sentimentos e beleza. As crianças crescem com o jogo e a linguagem. Através de ambos, se situam em um espaço intermediário entre sua individualidade e o mundo, criando um efeito de distância que lhes permite pensar sobre a realidade e assimilá-la. Jogo e linguagem, jogo e literatura estão sempre intimamente relacionados.”
3. Oferece uma representação articulada do mundo que serve como instrumento de socialização:
“O propósito de educar socialmente marcou o nascimento dos livros dirigidos à infância. Os livros infantis foram perdendo a carga didática ao longo do tempo em favor de sua vertente literária, mas não há dúvida de que amplia o diálogo entre as crianças e a coletividade fazendo saber como é ou como se gostaria que fosse o mundo real.”
Durante sua entrevista apresenta uma ideia que vale a pena ser destacada: “Os bons livros fazem saber como são os humanos e não como deveriam ser”.
Essa colocação contribui para a reflexão de que a escolha dos livros não deve recair naqueles que trazem os valores em si, como lições morais, mas sim os livros que abordam os dilemas da humanidades, suas emoções, seus sentimentos, seus dilemas e conflitos, que, mais do que apresentar soluções simples para questões complexas, colocam as pessoas – mesmos os mais pequeninos – a pensar e se posicionar de forma autêntica e reflexiva, mesmo que não se chegue às respostas… pois o que nos move são as perguntas que nos fazemos… sempre.
Para ler a entrevista completa, clique aqui.