14 de março de 2019
Algumas dicas podem facilitar a busca por boas opções para os pequenos entrarem em contato com o mundo da leitura.
É muito provável que, em grande parte do Brasil, o adulto que entre em uma livraria em busca de um livro para presentear uma criança, precise vencer montanhas de personagens e livros de colorir. Além desses, há aqueles com botões para apertar, que acendem luzes e cantam com a criança: os chamados livros-brinquedo. Para os bebês, não faltam os livros de banho, os cartonados e os de pelúcia.
Passam por aí e por outras muitas pirotecnias audiovisuais, sensoriais e tecnológicas as imposições mercadológicas do que o sistema entende que um leitor mirim deve ler. E qual o problema dessas opções? Em alguns casos, nenhum.
Porém, quando essas são a única oferta de livros a que a criança terá acesso, é de se pensar qual relação com o livro e com a arte estamos fomentando, e como ela pode ser ampliada e muito. Afinal, uma infância leitora é feita de experimentações que vão muito além daquilo que o mercado entrega pronto.
A artista e ilustradora tcheca Kveta Pacovska – que em 1992 ganhou o Hans Christian Andersen, considerado o mais prestigiado prêmio para a literatura infantil do mundo -, tem uma frase que se tornou uma máxima famosa: “Um livro ilustrado é a primeira galeria de arte que uma criança visita”.
Segundo Cecília Bajour, professora e pesquisadora argentina, “a escolha de textos desafiadores, que não caiam na sedução simplista e demagógica, que provoquem perguntas, silêncios, imagens, gestos e rejeições é a antessala da escuta”.
Partindo desse ponto de vista, fica mais fácil imaginar o que um bom livro precisa ter. E também mais fácil de supor que um caderno de colorir da Peppa Pig, apesar de poder ser um brinquedo divertido para a criança, é outra coisa.
O que define uma literatura infantil e juvenil de qualidade?
Texto instigante, imagens artisticamente estimulantes, projeto gráfico provocativo. Enfim, elementos que ampliem o horizonte do mundo daquela criança fazem parte dos critérios que ajudam a identificar onde está, em um livro, sua natureza de arte. Mas não só.
Como distinguir os bons livros no meio de todos os outros que diariamente chegam às prateleiras? O Portal Lunetas ouviu quem pesquisa o assunto. Conversaram com a designer e pesquisadora Ana Paula Campos e com a pedagoga e assessora literária Ana Leme, idealizadora do Ana Leme Movimento Literário.
Com formações e trajetórias distintas, as duas trabalham hoje com curadoria e mediação de leitura para crianças. Ana Paula é autora do projeto “Inventórios“, que foi sua pesquisa de mestrado na Universidade de São Paulo (USP), e hoje é uma conta no Instagram que divulga achados do universo literário para crianças. “Não ficção poética para crianças. Livros, projetos, inspirações“, diz a apresentação do projeto.
Já Ana Leme criou o Movimento Literário para funcionar ao mesmo tempo como uma loja virtual que oferece uma curadoria de livros cuidadosamente selecionados, e também como um braço de militância pela leitura literária nas escolas.
Depois de trabalhar por mais de dez anos como divulgadora escolar e de passar por grandes casas editoriais, ela resolveu encurtar o caminho para chegar no leitor. Hoje, além do site, ela trabalha diretamente com educadores e coordenadores pedagógicos, indicando livros que podem ser adotados nas escolas, não com intuito didatizante, e sim artístico.
Leia, na íntegra, a entrevista sobre a importância da mediação na hora da leitura com a criança e como escolher bons livros, além de conhecer perguntas que você pode se fazer no processo de busca e a importância de apresentar a leitura aos pequenos ainda na primeira infância.
Texto adaptado de: Portal Lunetas