20 de setembro de 2018
A expressão tem sido bastante utilizada quando os assuntos são escola, educação e aprendizagens infantis. Porém, o que ela contempla? Confira neste post do nosso parceiro Portal Aprendiz.
Não é fácil conceituar a palavra território. O geógrafo Milton Santos apontou que o maior exercício é entender que uso é feito de sua noção, que o termo é sujeito ao tempo e que varia conforme a cultura e idioma.
A socióloga Iara Rolnik recorre ao próprio Milton Santos para escrever uma definição que dê conta do território como espaço de produção de relações, e também sujeito a elas: “O território é produto da dinâmica social onde se tensionam sujeitos sociais. Ele é construído com base nos percursos diários trabalho-casa, casa-escola, das relações que se estabelecem no uso dos espaços ao longo da vida, dos dias, do cotidiano das pessoas”.
No chão da escola, do bairro ou da cidade, território, às vezes, pode ser confundido com espaço ou entorno. Para Beatriz Goulart, educadora e arquiteta, não há problema: o importante é que o território esteja na boca e na prática de educadores, estudantes, gestores e comunidade. “Teorias devem nos querer fazer, não nos paralisar”.
Quando colada à palavra educativo, o território ganha outra densidade. Território educativo remete a uma concepção abrangente de educação. Para que tenha esse caráter não pode nele existir passividade. “O território é assunto, é conteúdo do currículo, é o lugar onde se dão ações educativas e também é um agente, como se fosse sujeito também. E não dizemos que ele é pedagógico, e sim educativo, porque estamos considerando a educação formal, a não formal e a informal”, fala Beatriz.
Em entrevista ao Portal Aprendiz, a socióloga Helena Singer elenca quatro características simbióticas para que o território se constitua como educativo:
– a existência de um projeto educativo para o território criado por quem pertence a ele;
– congrega escolas que compreendem o território enquanto parte do currículo;
– multiplica as oportunidades educativas, pois todos estão aprendendo, não apenas as crianças. O desenvolvimento integral dos sujeitos é uma agenda perene;
– articula diversos setores da educação, saúde, cultura e assistência social: trabalha a intersetorialidade e a corresponsabilidade sobre o desenvolvimento dos sujeitos do território.
Beatriz Goulart compartilha que um de seus receios em engessar a definição de território educativo é que esse conceito se perca em uma imutabilidade que não lhe cabe. “Território educativo é uma ideia-força”, arremata. “Tem uma magia nessa palavra. Quando você fala território educativo, você abre um portal de percepção, onde algumas ideias são desmontadas, outras ficam nebulosas e algumas se esclarecem. A gente pode olhar para a escola e cidade de outros modos a partir do território educativo”.
Nós do Toda Criança Pode Aprender compartilhamos justamente dessa ideia: é fundamental olhar para a escola, para o entorno da criança e para a cidade, com toda a sua complexidade, quando pensamos em territórios educativos. Afinal, as aprendizagens podem ocorrer em qualquer espaço e em qualquer tempo.
Para saber mais sobre o assunto, leia na íntegra o texto do Portal Aprendiz.
Texto adaptado de: Portal Aprendiz