1 de junho de 2016
Talvez você já conheça alguns aplicativos que traduzem o significado do choro do bebê. À primeira vista isso parece um facilitador na vida dos pais, mas será mesmo que essa é uma boa ideia?
Ter filhos, cuidar e educar não é nada fácil. Especialmente quando são pequenos. Noites mal dormidas, preocupações constantes, experiências novas, cansaço, falta de tempo… Assumir as funções materna ou paterna apresenta muitos desafios. Uma dessas situações desafiadoras é a dificuldade em compreender o choro do bebê pequeno. Seria fome? Sono? Cólica? Fralda suja? Até que seja descoberto o incômodo da criança para poder ajudá-la, há um período de angústia dos pais, que tentam de diversas formas suprir aquela demanda sem sucesso. Foi no sentido de auxiliar as famílias que surgiram aplicativos como o Baby Cry Translator, o Baby Translate e o Infant Cry Translator, que possuem a função de traduzir o choro do bebê sem que seja necessário passar por toda a experiência de tentativas e erros. Mas será que de fato isso é algo bom?
Certamente não há uma única resposta para essa pergunta. Porém, nossa proposta é instigar algumas reflexões sobre o assunto. Vamos pensar juntos: o que acontece quando o bebê chora e os pais precisam compreender o que ele está querendo dizer? Primeiramente, haverá uma observação atenta da criança e a tentativa de encontrar sinais em sua expressão que deem pistas do que está acontecendo. Esse é um momento de intimidade entre o cuidador e a criança: ambos procuram formas de se comunicar por meio do olhar, do corpo, da voz… A partir da repetição dessa situação, cria-se um repertório comum entre o filho e os pais, e isso fará com que se possa compreender mais rapidamente o desconforto em questão e a maneira de acolhê-lo. Esse é o primeiro passo no estabelecimento de uma proximidade com o bebê, que pode dar bases para a construção de uma relação afetiva e de compreensão mútua. Utilizar um mediador tecnológico para traduzir o que o bebê precisa acaba reduzindo esses ricos momentos de troca entre ele e os cuidadores.
Além disso, até que seja descoberta a necessidade do bebê, ele passa por alguns momentos breves de frustração. Seu desconforto não é imediatamente resolvido, o que é importante para que haja certa tolerância na relação com os pais, pois esta não será construída apenas por vivências de concordância e entendimento, mas também por desencontros. Essas pequenas diferenças entre o que o bebê comunica e o que os pais entendem levarão a uma gradual compreensão de que cada um terá sua maneira particular de vivenciar as situações e de comunicá-las, sinalizando as diferenças que fazem parte de qualquer relação.
As soluções que facilitam num primeiro momento, às vezes podem tornar as coisas mais complicadas quando as analisamos de forma mais apurada. Será que é o caso dos aplicativos tradutores de choro? O que você pensa sobre isso após a leitura do post? Nós, do Toda Criança Pode Aprender, deixamos uma sugestão: vale a pena enfrentar os momentos de angústia que fazem parte de conhecer seu bebê. Esse processo pode trazer algumas dificuldades, mas é extremamente compensador!