11 de abril de 2016
Em um momento de crescente valorização do lugar da criança dentro da cozinha, convidamos vocês a uma reflexão sobre as relações que crianças de diferentes realidades podem estabelecer com o ato de cozinhar.
Já falamos aqui e aqui sobre como cozinha é lugar de criança, sim. Ter uma relação próxima com os alimentos, preparar a própria comida e ter familiaridade com os instrumentos de culinária são hábitos que geram os mais diversos aprendizados, desde conhecimento sobre nutrição até coordenação motora e responsabilidade com a própria segurança.
Recentemente o jornal O Globo fez uma reportagem intitulada “Crianças deixam adultos de boca aberta com talento no fogão”, contando a história de crianças, muitas vezes filhas de pais que não sabem cozinhar, que tomaram gosto pela gastronomia e passaram a preparar refeições elaboradas para a família. A matéria, que pode ser lida na íntegra aqui, fala sobre o espanto dos pais ao entrarem em contato com a capacidade infantil na cozinha, algo não estimulado por hábitos caseiros, mas por meio de matrícula dos filhos em cursos que pudessem oferecer esse conhecimento.
Nas casas em que os pais têm o costume de cozinhar no dia a dia, é comum que as crianças aprendam desde cedo a fazer o básico. Em famílias nas quais, por exemplo, os pais trabalham fora o dia inteiro, não é difícil imaginar as crianças que cuidam dos irmãos mais novos preparando refeições para eles e para o restante da família. Nesse caso, elas aprendem a cozinhar na rotina da casa, acompanhando e ajudando os pais na cozinha ou, em muitas realidades, enfrentando sozinhas esse desafio.
As famílias que vivem na área rural e comem alimentos da própria horta também contam com a ajuda das crianças para plantar e colher desde pequenas. Nesses cenários, a relação da criança com a alimentação começa no plantio, e elas entendem e lidam com os alimentos de maneira diferente das crianças que têm os ingredientes comprados no supermercado.
Como será que são as experiências dessas crianças com a comida? Será que preparar um risoto é tão diferente de fazer purê de batata ou de cozinhar cenouras? Que descobertas são possíveis em diferentes ambientes (na cozinha, na horta, em cursos)? Como os adultos podem aproveitar as oportunidades de aprendizagem junto às crianças? Boas questões para nossa reflexão! E, da próxima vez que você for preparar uma refeição, o que acha de convidar seus filhos para ajudar?