Como as crianças, hoje, vivem as relações as familiares? | Labedu
Casos e Referências

Como as crianças, hoje, vivem as relações as familiares?

Imagem retirada de Catraquinha.
Em parceria com Catraquinhaicone-link-externo

O Catraquinha é fruto de uma parceria entre o Instituto Alana e o Catraca Livre. O site reúne informações interessantes para pais, educadores e familiares – de agenda cultural a projetos transformadores para a infância – com o intuito de empoderá-los para que interfiram positivamente no desenvolvimento das crianças, deixando-as exercer em sua plena potência a criatividade e a autonomia.

13 de abril de 2017

Mario Sérgio Cortella afirma: as crianças de hoje não aprendem a vivenciar relações familiares mais intensas. Veja as colocações feitas pelo educador neste texto do nosso parceiro Catraquinha.

 

Antigamente, sem eletrônicos para mediar as relações, as famílias se reuniam e tinham um convívio mais intenso. Quem afirma isso é o professor Mario Sergio Cortella, em uma palestra dirigida a estudantes.

Em seu discurso, ele relembra um momento da própria infância, a chegada da televisão, para discutir como a vida em família era antes e como ficou depois do aparelho em casa. Veja alguns pontos interessantes levantados pelo educador:

As refeições eram feitas em família
O professor relembra a disposição de sua casa em Londrina, no Paraná, e diz: “Tinha uma mesa com cadeiras em volta. Sabe o que a gente fazia nesta mesa? Se eu contar, você, que é mais jovem, não vai acreditar: a gente almoçava reunido”. Cortella conta que os momentos de refeição eram também quando os filhos se encontravam, quando tomavam broncas, davam risada e ouviam histórias, além de aprender: “Aprendi a não pegar bife com a mão, nem batata frita. Aprendi a não pegar o último pedaço e assim por diante”.

Existia mais interação
Pensando ainda na disposição dos móveis, o professor fala: “As poltronas ficavam de frente uma com as outras. Sério. Sabem por quê? A finalidade é que as pessoas se vissem”. Desse modo, ele se recorda de que, à noite, a família conversava e recebia a visita de vizinhos. “Quando o outro humano chegava, a gente se alegrava porque o outro ser humano era a possibilidade de uma vida”. Hoje, para fazer uma contraposição, Cortella aponta que é frequente que as pessoas queiram se recolher e evitar a interação com os outros quando chegam em suas casas.

Tinha gratidão
O professor se lembra também do dia em que seu pai chegou em casa com a televisão em seu carro Jeep. Ele diz que, naquele momento, como sempre faziam, o pai tocou a buzina e todos correram para abraçá-lo. E por quê? “A gente tinha um sentimento de gratidão. Do fato de que ele trabalhava para nos sustentar. Hoje, atenção, no mundo criança a ideia de gratidão é muito escassa”.
De acordo com o professor, essa escassez aparece também no mundo dos adultos, como se tudo fosse obrigação, o que teria “contaminado” os pequenos: “Alguma coisa nós vamos construindo nas relações que as contaminou também. E essa contaminação se deu na ideia de que você é um servidor. Aliás, em breve as relações ente pais e filhos podem ser medidas também pelo Código do Consumidor, um Contrato de Prestação de Serviços”.

A televisão mudou as relações
Mario Sergio Cortella fala que, com a chegada da televisão, as poltronas passaram a ficar de frente para o aparelho, não mais uma diante da outra, e as conversas cessaram. O vizinho deixou de ser bem-vindo e, quando ele chegava, a família continuava com o aparelho ligado. Em pouco tempo, o vizinho começava a ver TV também.
Para finalizar, o educador diz que essa recordação pode parecer deslocada hoje, mas que é importante perceber que: “as crianças foram crescendo também habituadas com essa possibilidade de não precisar ter essas relações intensas e duradouras”.

Para saber mais sobre a opinião do educador, assista ao vídeo com um trecho da palestra:

Compartilhe
TEMAS

Posts Relacionados

Outros posts que podem interessar