4 de setembro de 2017
O que será que as crianças precisam saber e conhecer ao longo da infância para participar da cultura digital?
É inegável que hoje em dia as crianças já nascem imersas numa cultura digital. Mas o que isso significa exatamente? Será que viver em um mundo no qual as mídias digitais estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia implica em ter que aprender códigos de programação e outros conhecimentos dessa natureza desde cedo?
Para uma linha de especialistas, conforme publicado em reportagem do jornal Folha de S.Paulo, essas aprendizagens, inclusive códigos de software, precisam começar já na Educação Infantil. Para eles, isso soa tão importante quanto dominar o universo dos números e das letras. Mas será que isso é realmente necessário? O que se espera que as crianças aprendam para viver e conviver na cultura digital?
Conforme relata outro grupo de especialistas que vê a questão de modo diferente, esse tipo de aprendizagem não é necessário na infância. As experiências que as crianças precisam ter envolvem tudo o que é típico ao longo dessa fase da vida: brincar, se movimentar, conviver, compartilhar, resolver problemas e perseverar. E isso não significa distanciá-las do mundo digital, deixando-as à parte das tecnologias. Ao contrário, a ideia é trazer a tecnologia para o mundo das crianças, colocando-a, muitas vezes, como parte de um problema a ser resolvido ou parte da brincadeira, por exemplo.
Como reitera a professora Marina Bers, da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, “não queremos que as crianças pequenas fiquem sentadas na frente do computador. Queremos que elas se movimentem e trabalhem juntas”. A professora integra uma equipe que leva as crianças a um acampamento de verão e, dentre as atividades e brincadeiras propostas, apresenta problemas que possam ser resolvidos em pequenos grupos, muitas vezes tendo possibilidades tecnológicas como opções.
Aqui no Toda Criança Pode Aprender, entendemos que realmente não cabe distanciar as crianças da cultura em que estão inseridas, e que isso inclui as tecnologias digitais. Porém, em momento algum podemos perder de vista a importância da infância em si mesma, ou seja, sem caráter de preparação para o futuro, para o mercado de trabalho, já que diz respeito a um período da vida e do de um momento de desenvolvimento fundamental e insubstituível. Mais ainda, queremos preservar o que é típico da infância: o brincar, explorar, conviver com outras crianças. Afinal, o futuro é incerto, mas é notório que uma infância rica de experiências e de interações, sem a preocupação de antecipar ou acelerar aprendizagens específicas, pode impactar favoravelmente no desenvolvimento das crianças e, como consequência, em todo o seu percurso.
Fonte das informações: “Crianças começam a ser preparadas para a era da automação” (Folha de S.Paulo, 7 de ago/2017).