7 de outubro de 2015
Conheça o projeto na Índia que coloca as crianças para mapearem suas favelas, diagnosticarem problemas urbanísticos e pensarem soluções para eles.
O City Lab, blog norte americano sobre tendências de planejamento urbano, nos conta sobre uma iniciativa na Índia que confia na capacidade infantil de perceber problemas e pensar em soluções para eles como uma forma de melhorar a qualidade de vida em favelas.
“Parte de uma campanha cívica da UNICEF focada em ‘clubes de crianças’, o projeto Humara Bachpan organiza times de crianças acompanhadas por adultos que passam cerca de 45 dias atravessando as favelas em que moram com bastante atenção aos arredores. Elas aprendem a forma de seus bairros, a maneira como as ruas se interconectam e a quantidade de moradias da região, o que lhes ajuda a montar o esqueleto do mapa. A partir disso, as crianças identificam o que, naquele espaço, precisa ser modificado para melhorar suas vidas. Elas apontam que áreas públicas podem virar espaços de brincadeira, locais em que sentem falta de latas de lixo, caminhos que precisam de mais iluminação e pontos em que banheiros infantis – com o tamanho apropriado para a estatura das crianças – fazem falta. O mapa, então, se torna um guia do bairro ideal, com todas essas sugestões desenhadas, e é apresentado a oficiais locais que podem viabilizar os projetos sugeridos.
Como aponta Aishwarya Das Pattnaik, da equipe da Humara Bachpan, as crianças muitas vezes conseguem localizar necessidades comunitárias que passam despercebidas pelos adultos.
Dharitri Patnaik, o representante indiano da Fundação Bernard van Leer Foundation, responsável pelo financiamento de uma série de programas de desenvolvimento voltados para crianças, aponta outra questão: ‘Na maior parte do tempo as crianças não são consideradas cidadãs. São vistas como cidadãs futuras’. Ele nota que, quando as crianças levam os mapas com as propostas de melhoras para suas comunidades, elas demonstram suas capacidades de observação e análise, o que faz com que elas sejam levadas a sério pelos oficiais do governo que podem viabilizar as propostas.”
Foto: Cortesia de Humara Bachpan
Os mapas feitos pelas crianças estão sendo recebidos com seriedade pelos governos locais, que estão buscando implementar algumas das sugestões. Mas a importância de uma iniciativa como essa vai além do impacto no espaço urbano, afetando a maneira como as crianças são encaradas na sociedade.
No site da Humara Bachpan, as seguintes atitudes são listadas como objetivos da campanha:
– compreender como crianças pequenas entendem e usam o ambiente em que vivem;
– criar oportunidades para que crianças e adolescentes possam aprender sobre liderança e participação;
– respeitar o pensamento criativo e as capacidades das crianças pequenas de advogar por mudanças.
Quando encaramos as crianças como seres capazes, abrimos espaço para que elas façam parte da construção do mundo, como agentes ativos, e não passivos, das mudanças que queremos promover na sociedade. Incluí-las nos processos de pensar em problemas e soluções abre oportunidades que vão além daquelas já vislumbradas pelos adultos e amplia os espaços de inclusão social para as crianças.