15 de março de 2018
Brasil tem taxas de gravidez na adolescência acima da média. Saiba mais sobre o assunto neste post do nosso parceiro Catraquinha.
O relatório publicado no dia 28 de fevereiro pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) traz dados alarmantes sobre as taxas de gravidez na adolescência no Brasil.
América Latina e Caribe continua sendo a sub-região onde a taxa é a maior, se comparada com dados mundiais. Estimada em 65,5 nascimentos a cada mil meninas, só é superada pela África Subsaariana. Quando se fala em Brasil, o número é ainda mais expressivo: 68,4. O período analisado foi entre 2010 e 2015.
Como parâmetro, a taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada mil meninas de 15 a 19 anos. No mundo, a cada ano, ficam grávidas aproximadamente 16 milhões de adolescentes nessa faixa etária, além de duas milhões com menos de 15 amos.
A região da América Latina e Caribe é a única do mundo com uma tendência ascendente de gravidez entre adolescentes com menos de 15 anos. Já Estados Unidos e Canadá, por exemplo, estão abaixo da média e os números caíram durante a última década.
Nos EUA, houve diminuição recorde da gravidez adolescente em todos os grupos étnicos, com uma queda de 8% entre 2014 e 2015, para um mínimo histórico de 22,3 nascimentos a cada mil adolescentes de 15 a 19 anos.
“As taxas de fertilidade entre adolescentes continuam sendo altas. Afetam principalmente as populações que vivem em condições de vulnerabilidade e demonstram as desigualdades existentes entre e dentro dos países. A gravidez na adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante a vida. Não apenas cria obstáculos para seu desenvolvimento psicossocial, como se associa a resultados deficientes na saúde e a um maior risco de morte materna. Além disso, seus filhos têm mais risco de ter uma saúde mais frágil e cair na pobreza”, disse Carissa F. Etienne, diretora da OPAS, segundo o site da ONU Brasil.
Não é à toa que outro número anda em paralelo com essas taxas de natalidade. A mortalidade materna é uma das principais causas da morte entre as jovens de 15 a 24 anos na região das Américas.
Em 2014 foram quase duas mil mortes como resultado de problemas de saúde durante a gravidez, parto e pós-parto. Em países de baixa e média renda, mortes perinatais são 50% mais altas entre recém-nascidos de mães com menos de 20 anos.
O diretor regional do UNFPA para América Latina e Caribe, Esteban Caballero, defende a ONU Brasil: “A falta de informação e o acesso restrito a uma educação sexual integral e a serviços de saúde sexual e reprodutiva adequados têm uma relação direta com a gravidez adolescente. Muitas dessas gestações não são uma escolha deliberada, mas a causa, por exemplo, de uma relação de abuso”.
O documento mostra ainda que em alguns países as adolescentes sem escolaridade ou apenas com educação básica têm quatro vezes mais chances de ficarem grávidas se comparadas com adolescentes com ensino médio ou superior.
“Muitas meninas e adolescentes precisam abandonar a escola devido à gravidez, o que tem um impacto de longo prazo nas oportunidades de completar sua educação e se incorporar no mercado de trabalho, assim como participar da vida pública e política. Como resultado, as mães adolescentes estão expostas a situações de maior vulnerabilidade e a reproduzir padrões de pobreza e exclusão social”, observa Marita Perceval, diretora regional do UNICEF.
O relatório dá ainda uma série de recomendações para reduzir a gravidez na adolescência, que envolve desde criação de leis e normas, até trabalhos de educação nos níveis individual, familiar e comunitário.
Além disso, outras questões importantes fazem parte do quadro de gestação adolescente e precisam ser olhadas com cuidado para que essa realidade mude.
Para saber mais, acesse o relatório na íntegra.