7 de março de 2019
A fábula e o jogo poético estimulam o pensamento crítico das crianças a partir da imaginação, sem verdades absolutas.
O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do mundo, com uma multiplicidade de florestas tropicais e espécies de fauna e flora a perder de vista. Além disso, favorecidos por nossa posição geográfica – o país está posicionado bem no meio da Placa Sul-Americana – somos bem servidos de um privilégio do ponto de vista ambiental, o que faz daqui um lugar praticamente a salvo de eventos naturais como vulcões, maremotos e terremotos.
“O país abriga também uma rica socio biodiversidade, representada por mais de 200 povos indígenas e por diversas comunidades – como quilombolas, caiçaras e seringueiros, para citar alguns – que reúnem um inestimável acervo de conhecimentos tradicionais sobre a conservação da biodiversidade.” (Fonte: Ministério do Meio Ambiente).
No entanto, na História recente do país, não faltam exemplos de como essa narrativa foi e vem sendo deturpada. O meio ambiente brasileiro tem sofrido exponencialmente os impactos nocivos da ação do homem. Para citar somente algumas, desmatamento, mineração e exploração de recursos feitos de forma irresponsável resultam ano após ano em danos irreversíveis do ponto de vista natural e social.
Mas, afinal, o que isso tem a ver com as crianças?
Falar de preservação ambiental com as crianças, então, deve ser uma preocupação de uma educação que se preocupe em formar próximas gerações mais conscientes e responsáveis. Nesse sentido, a literatura pode ajudar. Afinal, conversar sobre natureza e conservação com os pequenos não se trata apenas de apresentar biomas e classificar espécies, e sim de despertar desde cedo o respeito pela natureza como parte do que somos.
Assim, histórias de ficção que abordem direta ou indiretamente a questão do meio ambiente e problematizem a relação entre homem-natureza têm grande potencial de instigar nas crianças – e também nos adultos que leem com elas – o senso de urgência de renovação de um pensamento que a cada ano se revela mais falido: a falsa superioridade do homem sobre a natureza.
Tudo isso com um diferencial da literatura dita “para crianças”: a fábula, a brincadeira e o jogo poético com as palavras estimulam o pensamento crítico a partir da imaginação de cada um, e não do didatismo e ou da imposição de verdades absolutas.
Veja a seguir algumas dicas de obras que selecionamos do Portal Lunetas.
Um dia, um rio
(Léo Cunha e André Neves/Editora: Pulo do Gato)
O livro traz a fala doce e amargurada de um rio que perdeu sua vocação e sua voz e por isso lamenta sua sina como se cantasse uma triste modinha de viola, recordando o tempo em que alimentava de vida seu leito, suas margens e as regiões por onde passava. Com lirismo e contundência, dialoga sobre o desastre ambiental que abalou a Bacia do Rio Doce, em 2015. O mesmo trágico destino que segue destruindo a vida de muitos rios brasileiros.
O garimpeiro do Rio das Garças
(Monteiro Lobato/Editora: Globo Livros)
A trama do livro acompanha o matuto João Nariz, que vende tudo o que possui e parte para o Mato Grosso disposto a fazer fortuna. A seu favor, apenas um olfato poderoso, que João treina para farejar diamantes, além da companhia do fiel cãozinho Joli. Na luta para mudar seu destino, o garimpeiro precisa enfrentar uma série de desafios – entre os quais, o embate com dois cangaceiros que sonham em se tornar condes.
Azul e lindo planeta Terra, nossa casa
(Ruth Rocha e Otávio Roth/Editora: Moderna)
O fala trata da importância do cuidado com a casa de todos nós: o planeta Terra. O que fazer para impedir que os solos se tornem desertos, que as águas fiquem envenenadas e que as florestas sejam devastadas? Como preservar o meio ambiente para que possamos viver com qualidade e para que as futuras gerações encontrem um planeta como deve ser: azul e lindo?
Leocádio, o leão que mandava bala
(Shel Silverstein/Editora: Companhia das Letrinhas)
Leocádio era um leão que vivia sossegado na floresta com seu bando. Mas quando seres que andavam apenas com as patas de trás, usavam grandes chapéus vermelhos e carregavam coisas que cuspiam fogo apareciam por lá, só cabia aos leões fugir. Os tais seres eram caçadores, e um dia deixaram Leocádio tão curioso que ele resolveu inverter os papéis na floresta: engoliu o caçador, aprendeu a atirar, se tornou o melhor leão atirador de todos os tempos e resolveu mudar para a cidade. Nesta fábula moderna e sagaz de Shel Silverstein, leitores de todas as idades são convidados a repensar seus valores sociais, seus hábitos de consumo e suas prioridades. “Leocádio, o leão que mandava bala” é do mesmo autor dos clássicos infantis “A parte que falta” e “A árvore generosa”.
Se eu fosse uma árvore
(Talita Nozomi/Editora: Gaivota)
E se eu fosse… um pássaro, uma flor, um riacho? Com muita delicadeza, “Se eu fosse uma árvore” transforma o leitor em uma árvore. Uma árvore maluca, é verdade, mas também muito bonita e acolhedora. Vale a pena deixar de ser gente um pouquinho, para atrair passarinhos e ter sementes que voam até alto-mar. Afinal, mesmo tendo de enfrentar o inverno, uma árvore passa também pela primavera. E é muito gostoso deixar tudo ao nosso redor mais vivaz e alegre.
Texto adaptado do Portal Lunetas.
Os livros acima também podem ser adquiridos pelos links a seguir: