27 de outubro de 2016
Qual será o maior medo das crianças que vivem em grandes cidades? E daquelas que vivem em regiões com alto índice de violência? Conheça dados de pesquisa realizada por Irene Quintáns e divulgado pelo Portal Aprendiz.
Inauguramos nossa parceria com o Portal Aprendiz e com o Centro de Referências em Educação Integral trazendo um tema importante para reflexão, especialmente quando vivemos em grandes metrópoles: a mobilidade urbana. Em um post intitulado “Mobilidade a pé é a matéria prima que alimenta outros modais”, o Portal Aprendiz apresentou, entre outras questões, uma pesquisa que explicita o olhar da criança sobre o assunto. Vamos conferir os dados?
Entre 2011 e 2013, enquanto trabalhava com habitação em Paraisópolis, bairro na zona sul de São Paulo, a espanhola Irene Quintáns procurava referências de mobilidade infantil, mas apenas as encontrava na Europa ou na América do Norte. Onde estava a infância e a cidade na América Latina? Foi assim que surgiu a Red Ocara e suas sólidas pesquisas sobre as infâncias nas periferias da cidade.
“Muitas vezes o adulto não leva a sério, mas a criança tem um olhar crítico excelente sobre o espaço urbano. Através de desenhos e conversas levantamos muitos dos principais problemas da cidade a partir dos olhares, opiniões e desenhos das crianças”, relata Irene.
“Perguntamos para as crianças do Jardim Ângela do que mais elas sentem medo. 80% afirmou que tinha medo de ser atropelada. Agora pense que, em 1996, o bairro foi considerado pelas Nações Unidas como o mais perigoso do mundo. Hoje, não é mais. E me parece que o trânsito é muito mais fácil de resolver que a violência, não?”, questiona Irene, ressaltando que a necessidade de espaços seguros é uma prioridade para a infância urbana.
A falta de infraestrutura e o desenvolvimento desordenado de vias, aponta a pesquisadora, criou diversos dilemas a cada travessia nas bordas da cidade. “São territórios sem permeabilidade. Uma criança muitas vezes tem que usar transporte escolar porque não consegue atravessar uma avenida como a do M’boi Mirim, que em determinado ponto tem seis cruzamentos no mesmo lugar. Aí é óbvio que os pais não deixam ir a pé”, lamenta.
“Discutir mobilidade das crianças na cidade hoje é imprescindível. Pela primeira vez na história, nossos filhos podem viver menos que nós. As crianças hoje estão obesas, com diabetes e vários problemas de saúde. Isso são doenças de idoso. É uma questão de saúde pública. A infância tem que ser prioridade na luta por uma mobilidade ativa”, conclui.
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