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Papai Noel e eu: só eu não vi

16 de dezembro de 2014

Isabel e Angelo, do Grupo Tiquequê, contaram especialmente para o Toda Criança Pode Aprender a história da nova música do grupo!!! Leia tudinho aqui, conheça a letra da música e o novo vídeo: “Papai Noel e eu”!!!

 

“As lembranças mais imediatas da minha infância estão relacionadas a festas, brincadeiras na casa de uma grande amiga, passeios com minha família, viagens e clubinho com minhas primas, enfim, costumo ter ótimas recordações desse período. Mas é só parar um pouquinho pra pensar, que recordo de momentos um pouco mais angustiantes.

Não era fácil pra mim dormir fora de casa, viajar com a escola, dividir o computador e o banco de trás do carro com meu irmão… Agora, tudo isso parece besteira, mas… como eu sofria! Aquele embrulho no estômago, aperto no coração, nada diferente do que sinto hoje, nos momentos difíceis.

Parece que ao nos tornarmos adultos passamos a idealizar e a simplificar a vida da criança. Achamos que tudo é mais fácil e que a criança é totalmente feliz por ser livre das responsabilidades. Acho que os adultos esquecem dos momentos difíceis da própria infância!

Comigo, um desses episódios de angústia aconteceu num Natal. Eu devia ter uns 4 anos, mas a cena marcou tanto que lembro como se tivesse ocorrido em todos os natais de quando eu era criança!

Estávamos reunidos na casa de uma tia onde as festas eram sempre super animadas. Lembro de ser uma casa grande e toda decorada pro evento de Natal. Eu já tinha me encantado com os enfeites da árvore, ajudado a montar o presépio, brincado com minhas primas e até jantado. Como de praxe, chegou a hora em que eu simplesmente apaguei. Devo ter caído num sono profundo em algum sofá da casa.

Quando acordei, meu irmão e minhas primas estavam entretidos com seus presentes. Uma frustração imensa deve ter estampado meu rosto, pois logo veio um adulto dar o meu brinquedo: “Belzinha, esse o Papai Noel deixou pra você!”. O que??? Eu perdi o Papai Noel? Nada me consolou, lembro até hoje do que ganhei naquele dia, um estojinho com um pianinho na tampa, que virou símbolo da minha perda… Fiquei arrasada, me culpando por ter dormido. Não sei se consegui explicar direito o que estava sentindo para algum adulto, também não sei se eles entenderiam….

Nesse ano o TIQUEQUÊ quis compor uma música de natal e foi só ouvir essa palavra que a lembrança veio com tudo na cabeça e com o famoso aperto no coração! Contei essa história pro pessoal do grupo e o Angelo acabou elaborando toda narrativa numa música linda e sensível. Adorei esse processo coletivo! Como é bom poder atualizar uma parte da nossa história em letra de música. Quando uma outra pessoa faz isso pela gente é ainda mais legal, porque aí não nos sentimos sozinhos – como devo ter me sentido naquele dia. Valeu, Angelo!”

Texto: Isabel Tatit – Grupo Tiquequê

 

“Quando penso no Natal, me vêm à memória algumas lembranças, principalmente da infância, relacionadas à magia dessa noite especial, uma noite de reunião, de sentimento de comunidade, de muitas trocas… Mas, ao mesmo tempo, guardo uma sensação de distanciamento desse nosso Natal atual. É um período do ano em que o dinheiro, os valores materiais – e, portanto, a desigualdade – vêm conversar bastante comigo.

Quando a Bel me contou a história que inspirou essa composição, fiquei tocado pela impressão que ela tinha guardado de uma dificuldade de comunicação da criança com os adultos presentes. Apesar de ter dado uma ótima história – achei bastante engraçada –, ela nos contou que tinha sido também uma experiência forte, que o corpo tinha memorizado como um aperto no peito…

Então, na hora de sentar e compor a canção, tentei partir dessa ideia da necessidade de expressão, de comunicação. Ao mesmo tempo, fiquei pensando naquela fase da criança em que ela começa a perceber que pode escolher se acredita em Papai Noel ou não.

Acho que por isso a música começa com esse protesto ambíguo: ‘eu não acredito!’, e talvez também por isso ela tenha saído como um rock, e não como uma música mais singela, como as que a gente ouve tradicionalmente neste período.”

Texto: Angelo Mundy – Grupo Tiquequê

Vale a pena conferir!

 

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