26 de julho de 2018
Uma gestão escolar democrática supõe escutar as crianças, inclusive as menores. Saiba mais sobre a importância dessa escuta e de como instigá-las neste post do nosso parceiro Centro de Referência em Educação Integral.
Manuel Jacinto Sarmento, professor no Instituto de Estudos da Criança, da Universidade do Minho, em Portugal, e uma das maiores autoridades no assunto, lembra que compreender a infância como importante em si mesma é um tema que surgiu no século XX e foi consagrado por meio da Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança, de 1989.
“Este documento marcou os direitos específicos das crianças, para além dos Direitos Humanos, uma vez que a infância tem uma vulnerabilidade estrutural, dado que carecem dos adultos para se alimentar, poderem se desenvolver e se integrarem socialmente”, afirma Manuel, ressaltando que a Convenção reforçou a noção de que as crianças são cidadãs e têm direito à autonomia, identidade e poder de participação.
Se esses processos participativos forem instituídos desde cedo, diz o professor, cria-se uma cultura fundamental para uma sociedade mais democrática.
Praticar a escuta ativa das crianças requer alguns princípios. O primeiro é aceitar que talvez as crianças tomem a decisão “errada” e que não cabe ao adulto vetá-la, mas discuti-la. “A vida é assim para os adultos também, temos que lidar com erros e frustrações. Essa é uma oportunidade de discutir, debater e entender a questão”, diz Franciele Busico Lima, professora de pedagogia do Instituto Singularidades.
Além disso, o medo dos adultos de que as crianças tomem uma decisão equivocada não pode impedir o processo de deixar que as crianças tomem decisões reais, que vão muito além de escolher, por exemplo, qual suco querem tomar no recreio.
No processo de escuta para uma gestão democrática, os adultos também precisam entender o seu lugar físico e simbólico. É comum na relação com as crianças, por exemplo, que se pergunte da seguinte forma: “o que você quer beber? É água?”, ao invés de permitir que elas nomeiem e decidam o que querem.
É aconselhado que as crianças se expressem diretamente, isto é, sem que um adulto fale por elas. Durante as conversas faz-se necessário, ainda, deslocar-se para a altura delas, agachando ou sentando ao lado, com a finalidade de criar um diálogo mais horizontal.
Por fim, é preciso compreender que uma gestão democrática não se sustenta realizando processos de escuta das crianças de maneira pontual e isolada e sem que ela reverbere de fato nas decisões da escola.
Algumas estratégias podem favorecer essa escuta, entre elas:
– a assembleias;
– os grupos de trabalho;
– os desenhos;
– o acesso das crianças à gestão;
– as fotografias e
– a roda de conversa.
Para saber mais sobre cada uma das estratégias e conhecer alguns exemplos, acesse o texto na íntegra, clicando aqui.