Para além da sala de aula: o ambiente escolar no desenvolvimento integral da criança
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Para além da sala de aula: o ambiente escolar no desenvolvimento integral da criança

Imagem retirada de Unsplash
5 de março de 2019

Existe alguma relação entre os aspectos físicos do ambiente escolar e o desenvolvimento infantil?

É inegável que as crianças têm ocupado os espaços de educação coletiva, como creches e escolas, cada vez mais cedo. Também é fato que elas passam grande parte da infância nesses lugares. Por isso, pensar num projeto pedagógico que proporcione múltiplas aprendizagens é um processo árduo para os educadores, porém importantíssimo.

Tendo em vista que o espaço escolar é um ambiente formador e o processo pedagógico extrapola a sala de aula, é preciso repensar a forma como ele é planejado pelos educadores e pela gestão escolar, entendendo-o como um elemento que está comprometido com um projeto educacional e com uma forma de entender o mundo.

É necessário, também, que os pais, mães e familiares entendam o quão educativo e pedagógico esse ambiente pode ser, a fim de ter um olhar crítico ao tomarem a decisão sobre a escolha da instituição em que as crianças pelas quais são responsáveis irão estudar.

O que contemplar na organização dos ambientes escolares?

A configuração de ambientes revela muito a respeito das concepções que orientam as relações e práticas pedagógicas e da vida que ali se desenvolve.

É fundamental que os ambientes sejam estruturados a partir de uma reflexão crítica, com intencionalidade pedagógica e com a colaboração da comunidade escolar. É importante ter atenção às necessidades das crianças e dos grupos que fazem parte da instituição, de modo que os espaços estejam configurados de forma acolhedora, priorizando o bem-estar e contribuindo para o desenvolvimento integral das crianças.

No entanto, o espaço não pode ser planejado por meio de um olhar adultocêntrico, sendo necessário pensar em possibilidades, oportunidades de investigações e aprendizados que pode oferecer aos pequenos.

Por isso, é preciso prestar atenção ao que eles têm a dizer sobre o local que experimentam e vivenciam. Além de fazer isso por meio do diálogo, é interessante observar as situações cotidianas, considerando os desejos e interesses das crianças e possibilitando que o educador levante questões que levem à construção de novas organizações espaciais.

Ao considerar os interesses das crianças e suas falas, desconstruímos ambientes padronizados, sem identidade, e organizamos espaços de forma a considerar a história, cultura e preferências delas, possibilitando encontros entre diversos grupos. Nesses locais, as crianças podem se sentir seguras para explorar o ambiente, o que estimula, também, a curiosidade.

Reggio Emilia — escola e comunidade

A organização de ambientes pedagógicos das creches e pré-escolas municipais da cidade italiana de Reggio Emilia é referência mundial em práticas educativas.

Para a construção das unidades, foi estabelecida uma parceria entre educadores e arquitetos que considera os espaços públicos que cercam a escola como extensões da sala de aula. Dessa forma, não existem muros ao redor das escolas.

Assim, a abordagem de Reggio Emilia valoriza ambientes educativos, lúdicos, em que as crianças podem explorar suas diferentes linguagens (simbólica, artística ou verbal, por exemplo) e, como protagonistas de seus processos de aprendizagem, descobrir novas.

Os ambientes não são elementos passivos, mas condicionam e são condicionados pelos indivíduos que agem sobre eles. A fim de propiciar encontros e interações com um espaço e entre as pessoas que convivem nele, é preciso repensar a forma como os diferentes elementos da organização (como arquitetura, materiais e mobiliários) se articulam e quais são as mensagem transmitem.

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