2 de novembro de 2018
Descubra mais sobre essa curiosa metodologia!
Soraya Roberta dos Santos, de 22 anos, é estudante de Sistemas da Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Engana-se, porém, quem pensa que ela só entende de números… Foi por meio da poesia que ela veio a se apaixonar pelos códigos. Com uma infância humilde, a jovem teve seu primeiro contato com o computador aos 12 anos de idade e somente aos 16 que ela de fato pôde se matricular num curso de informática.
Notando a forte presença masculina nesse meio e por vezes se sentindo subestimada por seus colegas de classe e professores, Soraya entendeu que poderia mostrar a eles que as mulheres também sabem programar, pensar de maneira lógica e dominar a tecnologia. Como uma forma de comunicar o seus desconforto e desejo por mudança nessas áreas, ela passou a escrever suas ideias utilizando uma linguagem que casasse o gênero literário com as cifras técnicas da programação.
Hoje em dia, além de estudar e dar aulas nas escolas públicas de Caicó (RN), sua cidade natal, explicando conceitos sobre algoritmos e linguagens de programação às crianças, Soraya criou um projeto chamado Poesia Compilada, uma ferramenta que aproxima esses dois mundos que tanto lhe encantam e que permitiram sua libertação de antigos padrões. Em entrevista ao Huffpost Brasil, ela diz que acredita que “os bytes são o novo sinônimo de sociedade. A poesia está no silêncio caótico dos bytes. O algoritmo é a nova forma de comunicação entre as pessoas. E a Poesia Compilada é apenas a expressão de como as pessoas veem-leem-escrevem o mundo”.
Para driblar a precária infraestrutura dos colégios em que leciona, Soraya adaptou suas aulas para o quadro negro, já que os computadores não faziam parte dos materiais disponíveis para os alunos em boa parte da região. Ela ensinou os códigos e criou dinâmicas onde os estudantes pudessem aplicar de maneira lúdica o conhecimento adquirido. Para isso, utilizaram a linguagem Python e a produção de poesias, trazendo para perto tudo o que foi aprendido na teoria. A professora completa: “O meu objetivo com isso é poder simplificar e orientá-los sobre os conceitos que usamos. No fundo, todos nós sabemos o que são algoritmos. Todos nós realizamos algoritmos diários. Mas na maioria das vezes o processo ficou tão mecânico que a gente não consegue nomear o que seriam essas ações. Então, o que a gente faz é dar para as crianças o apoio que elas precisam para descobrir, por meio do que elas já conhecem, que todos aqueles conhecimentos vão levar a produção de um algoritmo”. Ainda segundo Soraya, “é só relacionar os conceitos. O algoritmo tem uma linha do código, tem o bloco do código, tem estruturas de repetições. O algoritmo é feito com base em uma entrada, o processamento e uma saída. O algoritmo tem um propósito. Eu usava a analogia dos poemas para explicar os algoritmos.”
Imagem retirada de: www.huffpostbrasil.com (produção de crianças)
Na base desse pensamento está a ideia de que aprender a programar nos previne de sermos, nós mesmos, programados. Isso dá condições para que entendamos as diversas linguagens entre números, siglas e palavras com os quais nos relacionamos diariamente, permitindo que haja melhor comunicação entre as pessoas e a tecnologia. E esse é apenas um dos jeitos divertidos e inovadores de fazer isso!
E aí, gostou? Conte-nos nos comentários o que achou dessa iniciativa e traga suas próprias experiências envolvendo a linguagem digital e crianças.