18 de julho de 2018
Por quê às vezes as crianças precisam de alguém ao seu lado para pegar no sono?
Adormecer parece ser um processo tão simples quanto acordar, ir ao banheiro ou se alimentar, mas no início da vida de uma criança requer tanto investimento quanto as demais atividades. Se colocarmos uma lente de aumento que nos ajude a enxergar acuradamente tudo o que envolve essa importante etapa da rotina, veremos que muitos fatores atravessam o íntimo momento de ficar a sós, com a própria companhia.
Quando deitamos a cabeça no travesseiro, para entrar num estado de total relaxamento e desaceleração do ritmo do corpo pouco a pouco somos levados a nos desconectar de todas as informações que nos acompanharam durante o dia. Quaisquer sensações que dificultem esse descanso já são suficientes para impedir que entremos num estado de sono profundo. Fome, sede, frio, calor, dores, medos, inseguranças, comumente são fontes de desconfortos que impedem que essa entrega aconteça de maneira plena.
Para os pequenos, que ainda não são capazes de entender completamente esses incômodos ou até mesmo nomeá-los, a procura por um adulto confiável e de referência acaba sendo inevitável. Imagine só como um bebê, que viveu durante toda a gestação dentro do corpo de sua mãe, sente qualquer tipo de afastamento… É como se ele perdesse, também, uma parte de si. Ver-se sozinho, por mais curto que seja o período, pode lhe causar uma angústia insuportável!
O momento de dormir nos joga, até mesmo depois de crescidos, numa espécie de vazio, pois é quando ficamos sozinhos com os nossos próprios pensamentos, sejam eles bons ou ruins. Com o passar dos anos, adquirimos um repertório de possibilidades para lidar com isso de diversas maneiras.
Ter, portanto, uma figura que represente um modelo de proteção por perto, oferecendo contorno a tais vivências, permite que, aos poucos, a criança se sinta segura e amparada. Dormir junto, tomar leite, ser embalada por uma canção… há diversos exemplos de rituais que costumam trazer maior tranquilidade para os pequenos.
Mesmo que exista o acolhimento físico durante a noite, ele não deve substituir uma boa conversa (quando esta habilidade já tiver sido desenvolvida), na qual a criança possa falar sobre os seus temores e ser compreendida. As palavras também são ferramentas poderosas e ótimas aliadas! A ideia é que possa ser construído um ambiente onde a criança consiga, aos poucos, reconhecer suas fragilidades e mais ainda as potencialidades e recursos que tem dentro de si para lidar com tudo isso. Por vezes, escolher um objeto para abraçar ou colocar na cabeceira da cama como símbolo de proteção pode ser uma alternativa importante que faça essa ponte com as figuras parentais e/ou de cuidado. A gradual maturidade envolverá, mais para a frente, o respeito ao sono e a compreensão do espaço de privacidade de cada um dentro de casa, algo precioso para o desenvolvimento infantil saudável.
Sinta-se à vontade para compartilhar conosco histórias ou experiências que se relacionem com o texto. Essas trocas são sempre muito bem-vindas!