14 de março de 2019
Entender as consequências da atividade humana permite que as crianças não se sintam impotentes diante desse cenário.
Greta Thunberg é o rosto de uma juventude que exige mudanças. Aos 16 anos e recentemente indicada ao Prêmio Nobel da Paz, a sueca não se intimida ao responsabilizar líderes, governantes e outros cidadãos de gerações anteriores à dela pelo impacto que tiveram e continuam tendo nas variações de temperatura do planeta.
“Você dizem que amam seus filhos acima de tudo, e ainda assim estão roubando o futuro deles bem na frente dos seus olhos,” ela disse em um pronunciamento em dezembro de 2018, durante a COP 24, conferência das Nações Unidas sobre o clima, realizada na Polônia.
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Em agosto do mesmo ano, Thunberg parou de ir à escola para acampar em frente ao parlamento sueco com uma placa, que diz: “greve escolar pelo clima.”
Em uma palestra para a série TEDx, ela contextualiza, “Por que devo estar estudando para um futuro que muito em breve não existirá? Se ninguém está fazendo absolutamente qualquer coisa para proteger esse futuro?” Nas palavras da jovem ativista, não faria sentido continuar aprendendo fatos que a sociedade há anos tem ignorado – é necessário agir, já.
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Nesse 15 de março, Thunberg mobilizou uma manifestação global de greve estudantil contra a mudança climática. O movimento utiliza hashtags como #FridaysForFuture (SextasPeloFuturo), #SchoolsStrike4Climate (GreveEstudantilPeloClima), #ClimateStrike (GreveDoClima). Com a participação de crianças e jovens de mais de 90 países, fica claro que eles estão preparados para tratar do assunto. Thunberg ouviu falar sobre mudança climática e aquecimento global pela primeira vez aos 8 anos.
March 15.
The school strike continues.
957 places in 82 countries and counting…
Everyone is needed.
Everyone is welcome.
Please spread the word!
Find your closest strike or register your own at https://t.co/ROmtFMrj6Y#FridaysForFuture #SchoolsStrike4Climate #ClimateStrike pic.twitter.com/DJfIgkL1eh— Greta Thunberg (@GretaThunberg) March 10, 2019
Conceitos básicos
O fenômeno da mudança climática, também conhecido como “aquecimento global” ou “efeito estufa”, é muito comentado nas notícias e já afeta a vida de bilhões de seres humanos e não-humanos, como árvores, rios, peixes, abelhas, micróbios, bactérias e cogumelos. Pelo que sabemos, as crianças de hoje irão enfrentar esse desafio durante a vida inteira. Sendo assim, é fundamental que elas sejam incluídas na discussão acerca do tema desde cedo.
O que é mudança climática?
Mudança climática é o processo de aquecimento do nosso planeta. No último século, a temperatura geral do nosso planeta aumentou, aproximadamente, 1 grau Celsius. Se parece pouco, basta tomar como exemplo a temperatura corporal: normalmente ela deve medir 36º C, um grau a mais a deixa febril, e por vezes com mal estar. Ou seja, um grau acima da temperatura média normal já quer dizer que algo não está bem.
O que o efeito estufa significa para o planeta?
O fato de o planeta como um todo estar aquecendo não quer dizer apenas que todos os lugares estarão mais quentes, mas que há implicações e uma série de mudanças imprevisíveis — alguns lugares estão alagando, alguns estão virando desertos, e outros passam até a ter invernos mais frios, por exemplo! Também significa que as chamadas calotas polares, no Polo Sul e no Polo Norte, estão derretendo e fazendo o nível dos oceanos subirem.
Quais as causas do aquecimento global?
A causa disso tudo é a atividade humana: a queima dos chamados combustíveis fósseis (petróleo, gás) para gerar energia libera dióxido de carbono (CO2); a criação de gado para produzir comida (através da emissão de gás metano na atmosfera); e o desflorestamento, pois as árvores absorvem esses gases e, por meio da fotossíntese, liberam oxigênio na atmosfera. O excesso desses gases no ar está provocando o chamado “efeito estufa”, que prende o calor do sol dentro do nosso planeta mais do que seria saudável para a Terra.
Como abordar o assunto?
Comece do pequeno e vá para o grande
As mecânicas do fenômeno podem ser muito complexas para crianças pequenas – e é importante não sobrecarregá-las. Você pode começar pegando uma planta de dentro de casa e explicando como elas “inspiram” os gases que nós “expiramos”, deixando o ar melhor para a gente respirar. Esse é o ciclo básico do carbono, um conceito chave para falar de mudança climática.
Para começar a pensar em uma escala maior, você pode fazer perguntas como: de onde vem a água que sai na torneira em casa? E para onde ela vai quando desce pelo ralo? De onde vem nossa comida? Como ela chega até o mercado?
Por meio dessas perguntas é possível começar a introduzir a noção de que o meio ambiente é tudo o que está ao nosso redor e de que nós estamos conectados por meio de grandes sistemas. Isso quer dizer que se todos fizerem algumas pequenas mudanças um grande impacto seria gerado.
Chame alguém mais velho para conversar
A diferença entre tempo (um dia ensolarado, por exemplo) e clima (o inverno no Canadá ser muito frio, por exemplo), uma distinção entre um período curto e longo, tende a ser difícil para as crianças, já que elas têm poucos anos de vida e pouca base de comparação. Chamar alguém mais velho, como os avós, para conversar com as crianças sobre como o clima mudou desde a época em que eles eram crianças é um jeito mais concreto de aproximá-las dessa noção.
Conte histórias de sucesso
Nós adultos — pais, tios, avós — provavelmente nos lembramos das preocupações com o buraco na camada de ozônio. Ele também é causado por atividade humana e as consequências foram o aumento dos raios UV que incidem na superfície da Terra, o que é perigoso para a saúde das pessoas e para o meio ambiente. Conte para as crianças que, em 1987, países do mundo todo se uniram para banir o uso de substâncias que contribuíam para aumentar esse “buraco” na atmosfera e a iniciativa tem dado certo! Cientistas preveem que em 2032 os níveis de ozônio serão os mesmos que de 1980, ou seja, o problema está sendo revertido.
Explique o que podemos fazer para ajudar a diminuir o problema
É importante enfatizar para as crianças que elas não são impotentes diante desse cenário. Pelo contrário, elas fazem parte da solução do problema!
Já que a causa disso tudo é a atividade humana, isso quer dizer que os próprios humanos podem (e devem) mudar suas atitudes para tentar reverter o problema. Existem várias ações que as crianças podem realizar (e cobrar dos adultos!) para cuidar melhor do nosso planeta. Algumas delas são:
- Economizar energia e água: quando não estiver usando um cômodo, apague a luz; não enrole no banho; deixe a torneira desligada enquanto escova os dentes; separe o lixo reciclável;
- Estabelecer uma relação com as plantas: cultive plantas em casa; descubra se é possível plantar uma árvore na sua rua, praça, ou até mesmo no jardim da sua escola;
- Compartilhar os aprendizados com colegas: divulgue e troque informações sobre o aquecimento global. As crianças podem se articular entre si para aprender mais e criar iniciativas próprias de como combater o problema, dentro e fora da escola.
- Conhecer o sistema político e participar da formulação de políticas ambientais.