28 de dezembro de 2015
Como se desenvolvem as representações gráficas na infância? Saiba mais aqui!
Durante muito tempo o desenho infantil foi tomado como uma fase anterior e inferior à produção adulta. Porém, pouco a pouco o interesse a respeito da representação gráfica das crianças cresceu. Artistas como Paul Klee e Joan Miró buscavam formas artísticas “primitivas” e imaginativas, baseadas no folclore, nas pinturas rupestres, no artesanato e também nos desenhos feitos por crianças.
De acordo com Florence Mèredieu, professora de filosofia da arte e estética na Universidade de Sorbonne:
Nesta primeira edição, apresentamos e discutimos algumas características das fases iniciais do desenvolvimento do desenho infantil, levando em conta que ao longo do percurso de cada criança elas podem surgir, sumir ou reaparecer.
Rabiscos, manchas e borrões
Inicialmente a criança não se apega ao desenho que faz: essa atividade, antes de mais nada, é um ato motor que envolve todo seu corpo. Ela desenha pelo prazer do gesto, da ação e não pelo apego ao resultado. Experimenta cores, traçados e materiais livremente, sem se preocupar com a forma final. Desta maneira, num primeiro momento, os desenhos são muito rápidos e, conforme a criança vai crescendo, sua execução torna-se mais lenta.
Além disso, pode-se pensar que desenhar, manchar, pintar e rabiscar também são formas de se apropriar do ambiente. Muitas vezes a criança opta por deixar sua marca numa superfície valorizada pelos mais velhos e isso é uma maneira de aproximar-se do universo adulto, tão importante para ela.
Esta “fase do rabisco” pode ser dividida em três momentos:
Estágio vegetativo motor (cerca de 18 meses): Nesta etapa o lápis não sai do papel. É produzido um traçado mais ou menos arredondado ou alongado formando “redemoinhos”. O mais importante nesse momento é o exercício motor.
Estágio representativo (entre 2 a 3 anos): A criança começa a levantar o lápis do papel e isso torna possível o surgimento de novas formas descontínuas entre si. A execução do desenho é um pouco mais lenta e existe intenção (muitas vezes verbalizada) de reproduzir um objeto.
Fase do rabisco com aparecimento de algumas formas isoladas.
Estágio comunicativo (entre 3 a 4 anos): Surge a vontade de comunicar algo por meio do desenho. A imitação do adulto torna-se mais intensa e a partir disso há o desejo de reproduzir a escrita.
Nesta fase é difícil para a criança fazer ângulos pontudos, pois isso exige que ela freie o lápis e o mude de direção. Desta maneira, a maioria dos desenhos possui formas circulares. A mão é o que guia o traçado. A partir dos 5 anos, mais ou menos, há a possibilidade de o olhar conduzir o desenho e assim a criança é capaz de escolher de onde seu risco parte e onde ele vai chegar.
Gostou de saber mais sobre como os pequenos começam a representação gráfica? Acompanhe, na próxima segunda-feira, o segundo post sobre Desenho infantil e conheça as fases que se seguem aos rabiscos.