19 de março de 2018
Conheça o projeto idealizado por uma professora do 5º ano de uma escola municipal de Salvador (Bahia) e abraçado por seus alunos para valorizar a cultura periférica!
Para levantar uma importante pauta sobre os motivos pelos quais a vida e os costumes cotidianos da favela não são estudados, a educadora Lorena Bárbara Santos Costa chamou seus alunos da Escola Municipal Gersino Coelho para perto, a fim de pensar essa questão, já que a maioria deles vem de comunidades.
Ela começou discutindo a história do nosso país, especialmente da época do Brasil Colônia, quando escravos se organizavam em quilombos e eram marginalizados por conta de suas condições sociais e do forte racismo vigente. Essa discriminação nunca cessou, sendo a origem de um cenário que até hoje preserva uma dinâmica de falta de privilégios, de desigualdade social e de cerceamento de direitos.
Ao invés de abordar a questão pelo viés da exclusão e da opressão, a professora optou por valorizar criações autênticas das favelas, oferecendo leituras, saraus e oficinas que trouxessem um pouco da história e da arte característica desses locais, dando espaço para surgir, dentro da própria escola, a mostra cultural sobre a Formação do Povo Brasileiro. Isso tudo permitiu que os alunos pudessem conhecer suas regiões mais profundamente e se apropriar de suas biografias a partir de um novo olhar.
O dicionário interativo das gírias urbanas foi um dos materiais produzidos pelas crianças, que coletaram o maior número de palavras e expressões faladas por elas no dia a dia, com seus respectivos significados. Elas descobriram que o jeito de dizer certas coisas também diz respeito à forma como uma realidade é vivida e pensada, sendo parte de suas identidades.
Brincadeiras e jogos comuns também foram registrados em forma de livro, no qual as regras e as instruções para realizá-los foram cuidadosamente catalogadas. Além disso, maquetes com sucatas representando as moradias e arredores foram pensadas depois de os alunos estudarem a geografia e a condição econômica dentro e fora da sala de aula.
Para fechar esse ciclo de pesquisas e imersões na cultura da favela, eles convidaram um MC, um grafiteiro e um DJ para contarem um pouco sobre suas experiências e a influência do hip hop em suas músicas. Segundo Lorena, eles “falaram das dificuldades de nascer, crescer e viver na favela e do preconceito enfrentado no dia a dia. Depois das entrevistas, os convidados realizaram um grande show para toda a comunidade escolar.”
Com o exemplo desse lindo projeto fica claro o quanto é necessário valorizar e conhecer uma cultura para que crianças e adolescentes em desenvolvimento e situação de vulnerabilidade se fortaleçam, pois isso os ajuda a criar ferramentas de transformação a respeito de suas trajetórias!
Para conhecer mais sobre o “É de Quebrada que Eu Vou”, acesse aqui!