26 de março de 2018
Novo currículo da cidade de São Paulo, que passa a ser seguido pelas escolas municipais a partir deste ano, inclui o trabalho com habilidades emocionais.
Apresentado já ao final de 2017 pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, o novo currículo das escolas de ensino fundamental apresenta algumas novidades em relação às propostas anteriores. Uma delas é a inserção do trabalho com as chamas habilidades socioemocionais. Entre elas, conforme informado em notícia no site da Secretaria Municipal de Educação, “criatividade, empatia, autonomia, pensamento crítico e resolução de problemas”.
Em consonância com as demandas atuais e, acima de tudo, considerando a importância dessas habilidades no desenvolvimento infantil (tema já discutido aqui e aqui), a proposta defende que o trabalho com estes aspectos seja feito não em aulas à parte de outros conteúdos do currículo, mas de forma transversal, ou seja, sempre presente nas distintas aulas e atividades escolares. Algumas das possibilidades apresentadas para que as habilidades emocionais sejam abordadas são discussões sobre problemas vivenciados pelo grupo, buscando consensos e soluções; trabalhos coletivos, nos quais caiba às crianças conversarem, planejarem, tomarem decisões, dividirem tarefas e papéis e se responsabilizarem por este percurso; e a valorização e o respeito à diversidade.
De fato, o desenvolvimento das crianças não se dá de forma isolada: aprender a conviver, a colaborar, a respeitar, a sentir empatia, a lidar com e valorizar a diversidade, a enfrentar desafios, a se arriscar etc. são aspectos presentes no dia a dia e perpassam distintas situações vivenciadas ao longo da infância. Enfrentar pequenas frustrações na escola, como quando uma ideia apresentada não é aceita pelo grupo de colegas, ou lidar com o desafio de chegar a acordos é algo que ocorre usualmente e não pode ser considerado “fora” do currículo, ou seja, deixar de ser trabalhado pelos professores.
Integrar esse conjunto de habilidades ao currículo municipal é um passo de grande importância, mas não suficiente para que tais aspectos do desenvolvimento infantil sejam favorecidos de modo adequado nas salas de aula e em outros espaços da escola. O investimento na formação dos professores e a clareza de que apoiar o desenvolvimento emocional cabe a todos os adultos que interagem com as crianças são fundamentais para que elas cresçam saudáveis neste sentido e para que ampliem suas possibilidades de viver bem consigo mesmas e em comunidade.