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A importância da contação de histórias e da tradição oral para as crianças

Imagem retirada de Centro de Referências em Educação Integral
Em parceria com Centro de Referências em Educação Integralicone-link-externo

O Centro de Referências em Educação Integral é uma iniciativa da Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com outras organizações não governamentais e com o apoio da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A intenção é promover a pesquisa, o desenvolvimento, aprimoramento e difusão gratuita de referências, estratégias e instrumentais que contribuam para a formulação, gestão e avaliação de políticas públicas de Educação Integral no Brasil.

14 de novembro de 2018

A prática de contar histórias é fundamental para o multiletramento. É o que defende a especialista em literaturas indígenas brasileiras Janice Cristine Thiél. Confira algumas de suas ideias neste post do nosso parceiro Centro de Referência em Educação Integral.

Qual seria o marco zero de uma literatura? Seria possível identificá-lo? No berço das literaturas está a tradição oral, a contação de histórias que constroem as visões de mundo de cada cultura. Com a ênfase dada à escritura, a arte de contar histórias passou a um segundo plano, mas é muito relevante para o multiletramento de crianças e jovens.

Quando alguém diz “quer ouvir uma história?”, o ouvinte se prepara para receber um texto novo, mesmo que a narrativa já seja conhecida. O texto nutre o ouvinte que acompanha, visualiza e interpreta a história.

Mitos, por exemplo, manifestam saberes relacionados ao sagrado ou às atividades do cotidiano, conhecimentos ancestrais que são resgatados pela memória do narrador. Textos da tradição oral têm sido passados de geração em geração e compostos por inúmeras vozes. Cada voz que narra uma história traz sua interpretação, com entonações próprias, acréscimos e subtrações que tornam cada narrativa única.

Em muitas culturas crianças e jovens costumam ouvir histórias contadas pelos mais velhos. Culturas tribais mantêm a contação de histórias para sustentar as bases sociais da comunidade, assegurar a continuidade de conhecimentos e construir uma unidade que entrelaça diferentes gerações. Nas escolas, pode promover o desenvolvimento de muitas competências no aluno.
Contar histórias envolve escolher textos curtos, com concentração de ação e poucos personagens. A atenção pode se voltar para o conteúdo da narrativa bem como para a forma de contá-la. Todos os componentes produzem um efeito; o ouvinte, para usufruir da contação, precisa estar atento a todos eles.

A voz do mediador constitui elemento primordial na contação de histórias. Mudanças na altura e entonação de voz sinalizam ênfase, ou revelam emoções diversas. O contador pode modular sua voz para elaborar as identidades e reações de cada personagem. O ouvinte pode desenvolver a habilidade de interpretar diferentes formas de expressão e construção de personagem.

Os gestos utilizados pelo contador, seu olhar, suas reações, formam um conjunto que complementa a palavra narrada. Observar tais elementos e interpretá-los como componentes da história promove a capacidade de leitura da expressão do outro e da diversidade de manifestação de sentimentos. O ouvinte pode desenvolver concentração e paciência com a contação de histórias, em qualquer idade.

A percepção do ambiente também pode ser desenvolvida. Sons ocasionais provenientes da audiência, que não ouve passivamente mas reage ao que é contado, ruídos circunstanciais distraem ou afetam a narração.

Além disso, o ouvinte pode acompanhar os marcadores do discurso que constroem a história. Marcadores temporais, espaciais ou sequenciais auxiliam o ouvinte a localizar a história, seus personagens, e perceber como a narrativa é elaborada em seu movimento de construção de conflito, encaminhamento para um clímax e uma resolução.

Portanto, a tradição oral contribui significativamente para o desenvolvimento de várias competências na escola e a atividade do professor/contador de histórias deve ser valorizada.

Que tal, então, assegurarmos mais tempo da rotina das crianças na escola para que ouçam histórias narradas oralmente por professores ou por outros profissionais que ali atuam? E em casa? Que tal, além de ler, também contar histórias para os pequenos?

Texto adaptado de: Centro de Referências em Educação Integral.

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