Projeto Sonora: viagens no mundo dos sons e da imaginação | Labedu
Casos e Referências

Projeto Sonora: viagens no mundo dos sons e da imaginação

Imagem extraída de Portal Aprendiz (créditos atribuídos a Cecília Garcia)
Em parceria com Portal Aprendizicone-link-externo

O Portal Aprendiz identifica a educação integral como um potente instrumento de transformação da sociedade e entende que a cidade é um espaço repleto de oportunidades educativas capazes de promover, em conjunto a outros espaços formadores, o desenvolvimento integral dos indivíduos. O site espera estimular a reflexão e o engajamento social na construção de uma educação plural que transcenda os muros da escola e garanta a aprendizagem contínua e o pleno desenvolvimento dos sujeitos.

24 de maio de 2018

Conheça o Projeto Sonora e mergulhe nas “viagens” proporcionadas por ele. Confira mais neste post do nosso parceiro Portal Aprendiz!

Lorraine não sentiu o frio da poeira cósmica à medida que se afastava da Terra e adentrava no espaço sideral. Bem protegida dentro de sua nave espacial, a menina de cinco anos fez o trajeto interestelar do jeito que bem entendeu: visitou o Sol, a Lua e o planeta Saturno, além de pilotar com maestria um foguete rosa, sua cor favorita.

Ao lado de Lorraine, uma dúzia de crianças se agitava, movimentando os colchões azuis nos quais estavam deitadas. Embora seus corpos estivessem bem assentados na Terra – mais precisamente em uma sala da EMEI Nelson Mandela, escola no bairro do Limão, na zona oeste de São Paulo –, elas também aproveitavam a viagem astronômica: algumas quietas, os braços cruzados, a expressão encantada de quem vislumbra um cometa; outras, como a própria Lorraine, erguiam os braços e guiavam habilmente a manivela de uma nave espacial.

Quem tornou possível essa viagem cósmica foi o projeto Sonora: vendadas, as crianças ouviam a voz suave do músico Bruno Garibaldi narrando a aventura, interpelada pela sonoplastia espacial manejada eletronicamente pela também artista Luisa Puterman (ambos criadores do projeto).

Criado em 2016, o projeto usa o som como ferramenta de deslocamento imaginativo. Apresentando-se em escolas, hospitais, penitenciárias e outros espaços, a dupla ativa a capacidade imaginativa de quem se dispõe a fechar os olhos: com barulhos penetrando no corpo momentaneamente sem visão e uma narrativa que alarga possibilidades de fantasias, é possível cruzar o mar para chegar até o continente africano, perder-se em uma cidade desconhecida ou romper a atmosfera rumo ao espaço sideral. Bruno e Luisa se conheceram no curso de História da Arte na PUC-SP. Bruno trilhou caminhos pelo cinema e pela educação antes de retornar à música, enquanto Luisa se manteve na área em vários projetos.

Definir o que é o Projeto Sonora sempre foi um desafio para seus criadores. Bruno admite com humor que só depois de dois anos de muitas apresentações e experiências, eles chegaram a um consenso conceitual: “Desenvolvemos tecnologias humanas que ativam a inteligência socioemocional das pessoas”.

Para criar as viagens sonoras apresentadas em suas intervenções – que eles chamam de roteiros – os artistas partem do princípio de que criam uma dança, e que quem baila em harmonia nela é o duo palavra e som. No roteiro de astronomia, apresentado pela primeira vez às crianças da EMEI Nelson Mandela, a narrativa singela de Bruno alarga e aprofunda a experiência de viajar perto de estrelas e satélites, em uma fusão de filosofia, ciência e mitologia.

Na EMEI Nelson Mandela, as vendas deslizaram sobre diferentes expressões nos rostos infantis de duas turmas. A primeira experiência foi frenética: os alunos mal conseguiam ficar sentados, eram responsivos a qualquer proposição do narrador e demonstraram alguns receios aos sons altos e a perspectiva de que, na escuridão das vendas, fossem assaltados por monstros.

Na segunda turma, a experiência foi mais de contemplação: os alunos ficaram sentados a maior parte do tempo, e muitos deles gesticulavam os pequenos braços e pernas, capitaneando naves espaciais ou se aproximando curiosamente de astros em chamas. Ambas as turmas estavam trabalhando em suas aulas o sistema solar e se identificaram com o tema.

“O ato de imaginar é um ato de liberdade, e as pessoas estão perdendo isso. O que fazemos é trazer de volta a fantasia, fortalecer a sua importância. Dar uma volta na fantasia para fazer com que as pessoas consigam se apropriar de suas próprias realidades”, finaliza Bruno.

Texto adaptado de Portal Aprendiz. Clique aqui para conferir a reportagem na íntegra.

Compartilhe
TEMAS

Posts Relacionados

Outros posts que podem interessar